A TRAIÇÃO DE MARIA!!! (causo)
A TRAIÇÃO DE MARIA!!! (causo)
Pelos caminhos da vida
Já fiz longa trajetória
E ainda fui educado
No tempo da palmatória
O caboclo ou aprendia
Ou senão o pau comia
Sem dó e nem compaixão
Quando o aluno errava
Ou ao menos gaguejava
No decorrer da lição
A professora malvada
Batia sem piedade
Sem que houvesse motivo
Pra tanta barbaridade
Era perversa e tirana
Mas tinha aluno sacana
Que ainda lhe provocava
Lá num cantinho escondido
Gritava seu apelido
Logo ela se envenenava
O nome da professora
Era dona Severina
Mulher alta bem esbelta
Dessa da canela fina
E do pescoço comprido
Ai de quem fosse atrevido
Cometendo a falta grave
Para ser pego de unha
Tratasse-a pela alcunha
Biuzinha Pendão de Agave
Ela ficava vermelha
Ia falar não podia
Andando dentro da classe
Só pra ver se descobria
Quem teve o atrevimento
Gritava eu arrebento
A cara desse safado
E pode até ser meu filho
Irá se ajoelhar no milho
Pra que seja castigado
Interrogava um por um
Da turma de sua sala
Diga-me se alguém ouviu
Ou reconheceu a fala
Aponte eu quero saber
Preciso me resolver
Passar a limpo a questão
Só vou-me sentir vingada
Rindo de cada palmada
Que darei em sua mão
Os alunos bem sabiam
Quem fez a tal presepada
Porém acharam por bem
Ficar de boca fechada
Diante dessa ocorrência
Se fizessem referência
Ao amigo presepeiro
Gerava algum reboliço
Ou até virava o feitiço
Por cima do feiticeiro
Será que não aparece
Sequer uma testemunha
Ficava a classe em silencio
Parece que nem supunha
Um culpado para o fato
E quem praticou o ato
Estava tranquilamente
De consciência refeita
Pra não levantar suspeita
Se fingindo de inocente
Porém para cada Cristo
Tem um Judas traidor
Aqui não é diferente
E até já dá pra supor
O que foi que aconteceu.
Maria de Zé de Abreu
Deu uma de inconfidente
Dedurando o acusado
Dizendo assim, o culpado
É Zeca de Seu Vicente
Eu vi quando ele falou
Ali de detrás da mesa
Não estou insinuando,
Pois tenho plena certeza
Foi na hora do recreio.
Nisso a professora veio
Com a fúria de um leão
E seu instinto ferino
Pra se vingar do menino
Que praticou a ação
Dizendo assim, seu infame
Menino mal educado
Vai receber um castigo
Só por ter me apelidado
Depois de dar-lhe uns conselhos
Deixarei-lhe de joelhos
Por quatro horas rezando
E olhando pra parede
Sofrendo com fome e sede
E eu aqui lhe vigiando
E você “Dona Maria”
Vou lhe castigar também
Que é pra que possa aprender
Não mais dedurar ninguém.
Tá certo tinha razão
Mas usou a traição
Num ato de covardia
Vai levar uma refrega
Por entregar o colega
E metê-lo numa fria
Portanto aquele que trai
Em busca de promoção
Deve ser considerado
Como um covarde, um vilão
Vive nas trevas, sem luz
E nessa historia o Jesus
Era Zeca certamente
A professora, Pilatos
E Maria com seus atos
Virou Judas tão somente!!!
Carlos Aires 27/06/2011