SAUDADE DA VIDA CAMPESTRE...

SAUDADE DA MINHA VIDA CAMPESTRE...

Hoje acordei com saudade

Da minha vida campestre

No coração do agreste

Onde eu vivia feliz

Quando escutava o concriz

No galho do mulungu

Também ouvia o nhambu

E o canto da codorniz

E o galo de campina

O seu cantar estalava

O sabiá declamava

A sua linda canção

O xexéu e o azulão

Faziam seu improviso

E eu ali indeciso

Aquilo tudo escutava

Parece até que estava

Na porta do paraíso

Inda lembro com saudade

Dos banhos de cachoeira

O angico, a aroeira

A baraúna, o bom-nome

Lá quase que ninguém come

Da vida tão apertada

Mas mesmo sem comer nada

Não morre ninguém de fome

Lá quando a seca castiga

A água desaparece

O sertanejo entristece

Pra Deus faz uma oração

Fala com Frei Damião

Que de Deus é mensageiro

Ou vai até o Juazeiro

Do Padim Ciço Romão

Eu me sentia orgulhoso

De viver ali no mato

Era um sertanejo nato

Tão puro e original

Hoje me sinto tão mal

Morando aqui na cidade

Vivendo só da saudade

Da minha terra natal

O matuto na cidade

Está perdido e sozinho

Fica igual a um passarinho

Que ao cantar, também chora

Porque alguém tão caipora

Com o sentimento mesquinho

Chegou, destruiu seu ninho

Quebrou tudo e foi embora

Se sente tão isolado

Distante da sua enxada

Está sozinho e sem nada

No meio de tanta gente

Acha o caninho diferente

Da avenida pra trilha

Está se sentindo uma ilha

Morando no continente

Carlos Aires

Carpina, 30/10/1996

(81)3622-0948

Carlos Aires
Enviado por Carlos Aires em 15/03/2008
Reeditado em 11/09/2009
Código do texto: T901710
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