A TERRA INVISÍVEL
DO MENINO ANTIGO


Era menino, nem sei se distinto,
Apenas menino, talvez feio;
Apanhou porque viu Antonio Conselheiro
Ensinando tática de guerra para Napoleão;
Bonaparte de Canudos, lá no sertão.

Era menino sim, distinto, quem o dirá,
Se puxaram suas acabanadas orelhas
Porque ouvia as trombetas de Jericó
Na porta dos bares e bordéis
Prenhes de putas e coronéis.

A terra é invisível, disseram para o menino
Que nem era feio nem bonito, só menino
Que acreditou e por isso morreu sem distinção.
No final da tarde,
dois anjos deram-lhe moradia
Na venta esquerda do nariz do Cristo Redentor

SSPóvoa
Enviado por SSPóvoa em 16/01/2009
Reeditado em 01/12/2012
Código do texto: T1388062
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