DEVANEIOS DO SÁBIO COXO
EM DOIS MOMENTOS CONVEXOS
Tem um sábio coxo percorrendo as ruas
Com os olhos tortos, olhando o mundo
Pelas frinchas das portas nuas
Olhando o capeta num buraco imundo.
Sábio poeta cuspindo no céu
Molhando as nuvens de saliva
Para chover um mundaréu
Sobre toda criatura viva.
Sábio velho, bruxo, talvez poeta
A perna torta para enganar as donzelas
Não sabendo que ele é um esteta
Não lhe dão paz, pelas suas janelas.
Desprezando, tem na face um sorriso triste
Apaixonado, nega a sua sina
Verbera contra o mundo de dedo em riste
Contra a solidão enorme que não termina.
Entretanto olha com o olho torto,
mulheres nuas atrás da porta.
O PREÇO
IMPUNIDADE!
PALAVRA QUE GEROU LÁ NO SERTÃO,
VIRGULINO FERREIRAO SOFRIDO,
TRISTE FAMOSO E TRAIDO LAMPIÃO.
IMPUNIDADE,
VERDADE QUE DA BASTILHA
GEROU NAPOLEÃO
QUE DOS POBRES, SEGUIA A TRILHA
IMPUNIDADE!
VERDADE QUE GEROU XAMBIOÁ
DE INOCENTES ESTUDANTES
E ROCEIROS, SEM FARINHA NO SAPIQUÁ.
IMPUNIDADE
QUE O POETA PENSADOR CANTA
SERÁ CONTRA OS CRUÉIS CRIMINOS
OU COM A FOME DO POVO QUE SE ALEVANTA?
IMPUNIDADE,
PENSADOR FOI CONTRA A HUMANIDADE
POR UM CRIME QUE NÃO COMETEMOS
MAS QUE PAGAREMOS ATRAVÉS DA ETERNIDADE.
POETA! SERÁ ESTA IMPUNIDADE
SEMELHANTE ÁQUELA PALAVRA DE PILATOS:
"- O QUE É A VERDADE "?