QUADRAS DE NOIVAR
Quanto mais longe mais perto do coração,
diz o ditado e di-lo com razão.
Se a lonjura traz saudade,
lembrar não é menos verdade.
Como quando não cala a voz,
porque a noite se lembrou de nós.
E é então que tudo é alegria,
morre a noite e nasce o dia.
Morre a noite nasce o dia e o sol a porfiar;
vem lá detrás, detrás do mar,
com os namorados pela mão:
pobres, mas sabidos cheiinhos de razão.
E mais um dia se passou,
lembrando um outro que não se negou.
Cantam as alminhas a rezar
p’ra que o casamento, ali tenha lugar.
E há já quem queira pôr sinos a rebate,
ou então um relógio: tique-taque, tique-taque.
Toda a gente é um mundo
passam os dias num segundo.
E os namorados, enamorados,
um tanto ainda desconfiados,
percebem, que as gentes têm razão,
porque os entendem - e à sua paixão.
Não querendo a ninguém -nem a eles- magoar,
eis chegada a hora, eis a hora de casar.
E chamando o padre, lá da aldeia,
escutam com certa graça, esta bonita ideia:
“se são pobres e sem dinheiro,
haja quem compre, amor assim por inteiro…”
Vão flores de mão em mão, sorrisos doirados,
para verem os noivinhos, finalmente casados.
Jorge Humberto
17/06/2024