"O epitáfio do poeta que 'satiriza o cafajeste' "
A Morte, meu amigo, não sabe brincar,
Não tem o mínimo senso de humor.
Podes entretê-la pelo tempo que for,
Mas, ainda assim, haverá de te buscar.
Há quem ousa pôr-se na ilusão
De crer-se um com a vida,
Como se fosse ela alusão
De teus anseios na escondida.
Muito mais que dor e sofrimento
É a ávida saída, que até então,
A prometer apenas tormento,
Ousou suprimir o coração.
Agora degradante e decadente vida,
Avilta o nosso ser, pois, nada ameniza,
Torna-nos um carrasco que acredita
Não ser ela outra cousa que ojeriza.