TROVINHAS
Se a alma está ferida
A poesia é remédio
Olhar a estrada comprida
É bom pra acabar o tédio
Toda mulher chora e sente
A falta de um cavalheiro
Que seu coração fremente
Deseja mais que dinheiro
Andei subindo a ladeira
Da casa de Mariquinha
Encantei-me com a eira
E a sua terna florinha
Seja lendo ou escrevendo
Vou degustando o Cordel
E sendo assim, vou vivendo
No sabor desse farnel
(Origem do Fado e do Cordel)
Na Europa nasceria
Como no Brasil o fado
Mas no Nordeste deu cria
Bem melhor, se comparado!
E aqui pôs-se a brotar
Essa cultura altaneira
E a gente a eternizar
Como fosse brincadeira
Para secularizar
O meu Cordel cantador
Vou nas asas procurar
Do pequeno beija-flor
O meu Cordel camponês
Faz parte da minha alma
Embora um verso por mês
Mas ele sempre me acalma
A minh'alma reconforta
Quando vê a natureza
E pensa: "Se a vida é torta,
Basta-me esta beleza!"
Final de tarde singela
Ao lado de quem se ama
Olhando o céu da janela
Ou deitado numa cama
É briga na escuridão
É rio quase secando
Mas se aprende a lição
É donzela namorando
Resolvi a equação
E projeto novo esquema
Para dá a sensação
Que não existe problema
O verso não se confeita
Sem a metrificação
Ainda a rima perfeita
Sem a métrica... ó, não!
O Cordel é o esquema
De exímia perfeição
Ele 'é coisa pra cinema'
O melhor diapasão
O homem está de pé
Se é livre do rancor
Trazer as mãos limpas é
Agradável ao Senhor!!!
O amor é o adereço
Da vida em harmonia
Para isto há um preço
Gentileza e poesia