TROVAS DE BOB MOTTA - PRODUÇÃO DE 2010 - Período de 25 a 28 de outubro de 2010
Causa-me frisson, vertigem,
a imagem da jovem bela,
machucando o peito virgem,
no batente da janela...
Com versos da minha lavra,
cheguei ao seu coração,
prá lhe tocar com palavras,
e depois, com as minhas mãos.
Pelas estradas da vida,
vejo, sem ilusionismo,
a “trairagem” embutida,
no falso puritanismo...
Na dura realidade,
vou levando a vida assim:
Com saudade da saudade,
que já sentistes de mim...
Quando a brisa, no calor,
no seu ouvido, soprar,
é meu recado de amor,
que ela está querendo dar...
Tenho as marcas dos espinhos,
dos cactus do sertão,
como se fossem carinhos,
da terra, em meu coração...
Cheiro de terra molhada,
eu digo e não me acanho;
é como o da minha amada,
recém-saída do banho...
Dó, ré, mi, fá, sol, lá, sí,
são notas de uma canção,
que eu fiz no meu Carirí,
prá você, minha paixão...
Sendo todas tão formosas,
minha amada, te juro, eu;
que beijo todas as rosas,
do jardim do corpo teu...
Mata nativa, cheirosa,
traz prá mim, tal qual miragem,
junto com o cheiro da rosa,
tua beleza selvagem...
No oceano dessa vida,
meu barco da solidão,
navega de proa erguida,
sempre em sua direção...