Bambuleio
Escrevo em folha morta,
arrancada de um arbusto,
depois a prego na porta,
então desenho-te busto.
Mas sei apenas embuste,
foste como a leve brisa,
que passa através bosque
e nas folhas sequer pisa.
Vim morar nessa floresta,
minha casa é de madeira,
o amor que ainda resta
será a fonte derradeira;
Talvez sejas só miragem,
ou delírio de um poeta,
mas se enfeita paisagem
escrevo-te em linha reta.
As curvas quem tem és tu,
bambeio só de mentira
sou como vara de bambu,
enquanto o vento te estira.