Ao amor ambíguo
Na imparcialidade da entrega,
o amor não se dissolve a cada gozo,
apenas se dará alguma trégua,
em cada sentimento há repouso.
E mesmo o amor é dissonante,
ao ser condicionado ao pensamento,
como se fosse flor algum desplante
numa opinião ou num lamento.
Na parcialidade não há cúmplice,
somente egoísmo do indivíduo,
e o amor nesse viés nunca se cumpre.
Amar e ser amado é ser ambíguo,
ser capaz de paixão sem ter ciúme,
sem nunca consentir o desabrigo.