Fim da infância. Antes a causa era a televisão; hoje é a internet. A INTERNET como causa do distanciamento da família.
Fim da infância. Antes a causa era a televisão; hoje é a internet. A INTERNET como causa do distanciamento da família.
A sociedade continua assistindo, atônita, a uma surpreendente patologia comportamental infantil: o desaparecimento da infância e a supressão forçada da inocência. O fenômeno, em priscas eras, era estimulado por certos programas da televisão aberta; hoje, ainda preocupante, sendo, a internet a grande vilã.
A infância, infelizmente, está desaparecendo como fase natural da vida humana. Já não vemos crianças entretidas em brincadeiras que faziam parte da paisagem urbana das nossas cidades. A imagem, tão própria dessa fase da vida, foi sendo substituída pela cena de meninas de 4 anos dançando com gingados "eróticos" sobre o gargalo de uma garrafa. Desenhos animados, marca de um passado não tão distante, foram sendo substituídos pelo requebro das popozudas, guindadas à condição de ídolos e tiazinhas das crianças e adolescentes. Com o apoio das próprias mães, entusiasmadas com a perspectiva de um bom cachê, inúmeras crianças estão sendo prematuramente condenadas a uma vida "adulta" e sórdida. Privadas da infância, elas estão se comportando, vestindo, consumindo e falando como adultos. A inocência infantil está sendo impiedosamente banida pela indústria do entretenimento. Hoje com mais razão pela internet.
Inúmeras causas têm sido levantadas para explicar o preocupante desaparecimento da natural fronteira entre a infância e a vida adulta. É difícil acreditar que apenas diferenças sociais, níveis de renda ou quaisquer explicações socioeconômicas sejam suficientes para entender essa deformação social. Na verdade, a formação por etapas, que só se adquire na família, nos livros e nas escolas, foi substituída pelo "aprendizado" instantâneo e moralmente insensível da televisão e, sobretudo da internet.
Que me desculpem, mas os da “geração de ferro”, todos já seguindo o final do ciclo da vida, se despontaram em todos os segmentos pela necessidade de leituras, de obras literárias, pelos grandes e renomados escritores, coisa que hoje tanta falta faz a todos, a leitura, o seu hábito de leitura. Aqui se explica a carência cultural dos jovens, que mal conseguem interpretar um simples texto.
Atualmente, não obstante as queixas de inúmeros telespectadores, em qualquer horário as crianças têm acesso aos piores quadros de violência e degradação. Pela Internet diante da inexistência de controle dos responsáveis que, é bem de ver, a tolera por suprir a babá de carne e osso.
Hoje, graças ao impacto da TV, qualquer criança sabe mais sobre sexo, violência e aberrações do que qualquer adulto de um passado não tão remoto.
Não é preciso ser psicólogo para que se possa prever as distorções afetivas, psíquicas e emocionais dessa perversa iniciação precoce. Por isso, a multiplicação de descobertas de redes de pedofilia não deve nada de erotização infantil promovida por certa programação da TV e pela facilidade de acesso pela rede social. O veneno contra a infância vai sendo pouco a pouco instilado em alguns programas de auditório e conteúdo tecnológico da internet.
Assistimos a um verdadeiro aliciamento infantil.
As campanhas de prevenção da aids e da gravidez precoce batem de frente com inúmeros quadros da grade vespertina que fazem da exaltação das fantasias eróticas uma alavanca de audiência. A iniciação sexual precoce, o abuso sexual e a prostituição infantil, que, cada vez mais, ocupam espaço no nosso noticiário, são, insisto, o resultado da cultura da promiscuidade disseminada pela irresponsabilidade da mídia eletrônica.
É triste, para não dizer trágico, ver o Brasil ser citado como oásis seguro e excitante para os turistas que querem satisfazer suas taras e fantasias sexuais com crianças e adolescentes. Reportagens denunciando redes de prostituição infantil, algumas promovidas com a cumplicidade ou até mesmo com a participação de autoridades públicas, crescem à sombra da impunidade.
Sem nenhum moralismo, creio, caro leitor, que chegou a hora de uma guinada.
Fala-se muito - e com razão - da corrupção que castiga a sociedade. Mas já não é possível ocultar a raiz do câncer que, lentamente, vai tomando conta do organismo social: a crise ética e a falta de limites do negócio do entretenimento. É preciso repensar os caminhos da TV brasileira e das redes sociais. O telespectador não quer, por óbvio, uma TV de água benta. Quer uma programação de qualidade. Mas a qualidade não se esgota na competência técnica. Exige também responsabilidade social.
A televisão brasileira precisa receber um choque de responsabilidade, aplicando-se o mesmo raciocínio nos conteúdos da internet.
Estudo mostra que crianças brasileiras estão acessando a internet cada vez mais cedo. Pesquisa mostra que 24% dos entrevistados começaram a conectar à internet antes dos 6 anos de idade; em 2015, esse percentual era de 11%.
Definitivamente, a tecnologia já faz parte da rotina deles: 95% das crianças e adolescentes de 9 a 17 anos usam internet no país. E eles são muitos: 25 milhões. A grande maioria usa o celular para se conectar. Os números são de uma pesquisa do Cetic.br, um centro de estudos ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil, com apoio da Unesco.
O acesso à internet também pode significar acesso ao conhecimento: 82% usaram a rede para trabalhos escolares. Mas a coordenadora da pesquisa alerta para os riscos no ambiente digital, como o contato com desconhecidos e conteúdos inapropriados para a faixa etária.
A ideia é que haja também mediação de responsáveis, mediação de educadores para que ela possa de fato aproveitar dos benefícios e desenvolver resiliência para quando ela se deparar com algum risco, que vai ser inevitável nesse ambiente, como é inevitável em outros ambientes que ela também circula.
O celular não está só mais presente na vida de crianças e adolescentes. O primeiro contato com as telas também acontece cada vez mais cedo, ainda na primeira infância. Crianças brasileiras estão acessando a internet cada vez mais cedo.
Muitas famílias se esforçam para controlar o acesso das crianças à internet.
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que crianças menores de 2 anos não usem telas. As que têm entre 2 e 5 devem usá-las, no máximo, uma hora por dia. De 6 a 10 anos, até duas horas diárias. Uma preocupação que também chega às escolas.
Hoje, o maior desafio é o tempo de concentração. As crianças se dispersam com mais facilidade. Há necessidade que os adultos da casa sirvam de exemplos aos filhos menores, para isso deixando de usar o celular (com muito esforço) para poder ter mais tempo para a criança e que ele não os vejam constantemente com o aparelho.
Não é de hoje que o assunto “tecnologia na infância” é muito abordado tanto dentro de casa quanto nas escolas. Quanto tempo as crianças podem ficar conectadas? Ou até mesmo, quais dispositivos elas podem ter acesso? Há quem diga que as tecnologias atuais são vilãs do desenvolvimento infantil e há aqueles que defendem seu uso.
Um estudo americano chamado Zero to Eight: Children’s Media Use in America revelou que em 2011 apenas 10% das crianças do país usavam dispositivos eletrônicos portáteis. Dois anos depois, o número subiu para 38%. Já em 2017, o número foi para 95%, o que indica um aumento expressivo do uso da tecnologia na infância. Além disso, a pesquisa também apontou que o tempo gasto nos dispositivos triplicou.
Uma coisa é fato: não existe certo ou errado. Sabemos que a tecnologia traz um mundo de possibilidades boas e ruins e que, hoje em dia, é quase impossível ficar distante dos dispositivos móveis. Mas tudo deve ser supervisionado e utilizado com cautela.
Benefícios da tecnologia na infância
• Informação na palma da mão: Antigamente, quando era necessário fazer pesquisas, utilizávamos as enciclopédias, as quais reuniam os conhecimentos humanos de forma alfabética ou temática. Era um grande banco de dados em forma de livros grandes e pesados. Conforme a tecnologia foi ganhando espaço, elas perderam sua utilidade. O que é mais fácil: pesquisar em livros enormes ou na internet? Atualmente, temos acesso a um turbilhão de informações. Se você tem uma dúvida basta entrar em uma rede de pesquisa e aparecerão milhares de informações. No que se refere às crianças, os trabalhos escolares nunca mais foram os mesmos. Informações que antes poderiam parecer impossíveis de encontrar, nos dias de hoje, estão a apenas um clique de distância. Nesse sentido, podemos afirmar que o uso de dispositivos com acesso à internet beneficiou a capacidade de aprendizado.
• Geração Alfa – os nativos digitais: Essa é a geração 100% nativa digital! Mesmo que não tenha uma definição exata, essa geração, nascida a partir de 2010, considera a tecnologia uma extensão de sua forma de conhecer o mundo. A internet e os dispositivos eletrônicos já estão tão inseridos no cotidiano, que não existe uma separação clara entre digital e vida real. E isso gera novas formas de relacionamento e aprendizados. Logo, é fato que aprender a utilizar as ferramentas tecnológicas é fundamental para qualquer ser humano. O cuidado está em policiar seu uso e entender que há o momento certo de inserir essa realidade na vida dos pequenos. Além disso, dar a devida atenção para que esses dispositivos sejam usados de forma positiva também faz toda a diferença.
• Contato com outras realidades: A internet possibilita a conexão com diversas realidades, culturas, ideias, diferenças e muito mais. Isso é importante pois ajuda a desenvolver a empatia e o respeito. A criança entende que o mundo é composto por diversidades e que sua realidade, nem sempre é a realidade do próximo.
• Curiosidade: São tantas possibilidades encontradas no meio online, que é natural que a criança se sinta estimulada a descobrir coisas novas o tempo todo. O estímulo correto pode ajudar a construir novos aprendizados. Portanto, procurar conteúdos adequados para cada fase da infância é uma boa forma de usufruir dos benefícios da tecnologia para as crianças.
Podemos, também citar, mais estes benefícios: O uso sensato das tecnologias garante muitos benefícios para crianças e adolescentes, como: aprimoramento da habilidade da comunicação; desenvolvimento da criatividade; desenvolvimento da capacidade imaginativa e de abstração; aprendizagem de forma mais lúdica.
Por outro lado, quando utilizada incorretamente (de maneira exagerada, divulgando informações pessoais, ao facilitando ou promovendo o cyberbullying, entre outros), a internet pode garantir riscos à saúde física, emocional, acadêmica e social da criança.
Malefícios da tecnologia na infância. Dentre tantos benefícios, existem também os pontos ruins. Ter conhecimento sobre os lados negativos dessa realidade tecnológica, é fundamental para ter “jogo de cintura” na hora de educar o seu filho para utilizá-la de forma benéfica, sem prejudicar sua qualidade de vida. Então, preste atenção!
• Conteúdos indevidos: Supervisionar os pequenos enquanto navegam na internet é primordial. Isso porque, assim como existem plataformas que dispõe de recursos positivos, existem também alguns perigos que oferecem experiências negativas. Filtrar conteúdos de acordo com a idade da criança é um cuidado primordial e que deve ser tomado pelo responsável. Esteja atento aos sites e plataformas que estão sendo acessados, bloqueie o que é inadequado e esteja sempre presente no mundo online e no offline dos pequenos. Isso faz toda a diferença!
• Problemas de convívio social: É cada vez mais comum vermos crianças e pré-adolescentes prejudicando o convívio social para ficar grudados na tela do seu smartphone. Nesse sentido, restringir o uso do dispositivo em determinados locais e horários, por exemplo, pode ser uma boa estratégia para controlar o seu uso e estimular as interações “reais”.Algumas táticas que podemos utilizar são: não permitir eletrônicos nas refeições e antes de dormir, estipular horários para jogar videogame, evitar o uso dos dispositivos quando alguém estiver falando, entre outras.
• Impactos físicos e psicológicos: A falta de convívio com outras pessoas devido ao uso excessivo das tecnologias pode prejudicar o desenvolvimento social, intelectual e emocional. Além disso, pode gerar irritabilidade, irregularidades no sono, obesidade (devido ao sedentarismo), dentre outros malefícios.Por esses motivos, é muito importante que os responsáveis policiem o uso das tecnologias. Estabelecer regras, horários e estimular brincadeiras com outras crianças é essencial.
Somam-se a isso, também: A superexposição de crianças às ferramentas tecnológicas (como smartphones, tablets, notebooks e à internet) está relacionada a diversos problemas que, a longo prazo, atrapalharão o desenvolvimento infantil.
Alguns outros destes problemas são: déficit de atenção; dificuldades de aprendizagem; dificuldades de socialização; agressividade e impulsividade; dificuldades de lidar com a frustração; obesidade e outros distúrbios da alimentação; distúrbios do sono; risco de dependência tecnológica; aumento da ansiedade; estímulo precoce às drogas; estímulo à sexualização precoce; probabilidade de vivenciar o cyberbullying (violência praticada por meio da internet, seja por intimidação, discriminação ou agressão, tanto física ou como sexual).
Estes riscos prejudicam não somente a criança, mas também toda a família. Por isso, é muito importante que pais, professores e responsáveis busquem garantir a utilização segura da internet.
Como absorver apenas os benefícios da tecnologia? Regras existem para serem seguidas, não é mesmo? Portanto, estabelecer limites para o uso da tecnologia é o ponto inicial para que ela seja utilizada de forma saudável. Estipule horários de uso, supervisione e incentive o consumo de conteúdos ricos, e, principalmente, comunique-se com a criança. A comunicação faz toda a diferença, isso ajuda a entender o que se passa na cabeça dela, além de estabelecer uma relação de confiança. Outra dica é mostrar que existe um mundo incrível fora das telas. Incentivar brincadeiras que não incluem o uso de dispositivos tecnológicos (ler livros, por exemplo) e o convívio social com outras crianças é de extrema importância.
Educar crianças nesse cenário tomado pela tecnologia é um grande desafio. Entretanto, todo desafio traz consigo oportunidades, não é mesmo? O segredo está em ter paciência e estabelecer os devidos limites no uso dessas ferramentas.
Uma coisa é certa: a tecnologia veio para nos ajudar, então tire o melhor proveito dela. O equilíbrio é tudo!
Sou obrigado a dar minha mão à palmatória a Mabel Jung, critica de um texto de minha autoria de algum tempo atrás: cujo título é “eu envelheci, uai”, quando asseverou que: “Boa noite, Milton! O envelhecimento, assim como outras etapas de nossas vidas, tem seus prós e seus contras. Mas acredito que na velhice, concordando com seu texto, temos mais prós do que contra. Talvez, por que não tenhamos tempo a mais pra desperdiçar com bobagens.”.
Então, demorou, mas entendi que para garantir uma infância sem riscos e proteger as crianças na internet, os pais, professores e demais responsáveis precisam adotar uma série de cuidados. Com isso, é possível evitar os riscos aos quais as crianças estão expostas nesse ambiente e maximizar seus benefícios.
Assim é fundamental estimular atividades diferentes. Investir em outros tipos de entretenimento e atividades familiares (esportes, atividades culturas, brincadeiras e conversas em família) é uma maneira de manter a interação com a criança e impedir o uso exagerado da internet.
Crianças na internet podem usufruir de muitos benefícios, mas o uso incorreto da ferramenta pode ser prejudicial à sua saúde física, emocional, acadêmica e social e atrapalhar o bem-estar de toda a família. Agora, o mais importante de tudo é fazer seu filho ler e muito, adquirir o hábito de leitura. Isso é insubstituível.
Extrema/Guaxupé, 06/01/24.
Milton Biagioni Furquim
Juiz de Direto