Este foio natal que precisávamos. O final do ano (reveillon) é o marco de um nova vida!

Este foi o natal que precisávamos. O final do ano (reveillon) é o marco de um nova vida!

Fim de ano, como todos os anteriores. Fim de ciclo, mais um que se foi. Renovação, uma busca incessante, anos após anos. Esperança, a mola propulsora para renovarmos o ciclo infinito de nossa existência.

Mas desta vez temos que ser mais fortes, determinados, incansáveis, marrentos, otimistas e persistentes. A pandemia bagunçou tudo, concorda comigo? Já não sabemos mais o que sentir, o que falar, o que fazer, e vamos sentindo, falando e fazendo o que é possível, o que é permitido, o que é ...... Se é possível, se é permitido, se é .... né.

Estamos vivendo numa verdadeira Torre de Babel. Ninguém entende nada. Todos sem saber ao certo o que fazer e para onde ir se é que existe esse lugar.

Olho para dentro e dou de cara com um mundo estranho e conturbado, calibrado por sentimentos detonados por mensagens sem parâmetros por parte da mídia tendenciosa, maldosa e sem consciência, e do meu estreito mundo de comunicação.

O Natal estava chegando e chegou, o novo ano, também, se aproximando e a Covid-19, intrusa e inconveniente, permanece ainda no palco mundial provocando uma verdadeira existência caótica, fazendo das pessoas zumbis.

Neste momento, como que incorporando a humanidade e por ela falando com sua implícita autorização, lanço o olhar para fora e vejo o mundo paralisado, como se uma engrenagem houvesse se soltado. Todo desgovernado. Parece um tanto embriagado, dopado, sem rumo e sem norte.

Diante desta quase paranóica sensação de viver sem saber como viver uma vida enviesada e sem soluções aparentes, eu me instalo definitivamente como posseiro do meu interior e passo a quixotear comigo mesmo. É como um morrer fora do tempo e sair flutuando nas pesadas nuvens que cobrem o nebuloso céu. A única certeza é que a humanidade foi aturdida pelas tocaias e ciladas de um incipiente e indesejado vírus. Seja ele fabricado ou não.

Eu cá perdido nos porões das minhas memórias, nem sei por onde começar a faxina, mas tenho consciência que nada pode ser jogado por baixo do tapete.

É hora de devassar meu interior, fazer a leitura intimista, vasculhar todos os pontos, retirar o pó que grassa sobre os pesados móveis, onde estão guardadas as lembranças, as desejadas e as indesejadas, e pinçar, no mais fundo, os invasores que lá habitam sem autorização, num verdadeiro processo de despejo coletivo. Como se fosse uma lavagem da alma, na mesma intenção que move as baianas nas escadarias.

Assim consigo expurgar os fantasmas que, como ébrios, deambulam com insistência pelas minhas estreitas veredas, criando um verdadeiro labirinto de dúvidas e incertezas.

No meio de tanta bagunça e balbúrdia, de tanta tristeza e desesperança, a medida do possível ficou mais clara. Começamos a aceitar melhor o possível, depois de décadas exigindo dos outros e de nós mesmos o impossível.

O impossível vem disfarçado de desempenho, metas, resultados, entregas. Até quando as pessoas precisam crescer e crescer ainda mais, todos os anos? Quem inventou que o crescimento é a melhor medida de sucesso? Sucesso para quem? A busca pelo sucesso do trabalho resultando no aumento da produtividade e na ganância de resultados monetário/financeiro cada vez astronômico de que importa isso diante desse desconhecido vírus?

2020 foi marcado por trazer à tona quase tudo aquilo que preferimos esconder ou deixar para depois, tudo aquilo que convencionamos acreditar e propagar como sendo o "normal" no trabalho, na família e na vida como um todo. Tudo era normal e tinha sua razão de ser. Tudo.

Vou, enquanto há tempo, ajustar os ponteiros do meu emocional e racional. Estabelecer regras fixas para dividir o terreno de cada um, sem invasão. Apesar de os dois habitarem o mesmo espaço, terão tarefas distintas.

O emocional passará por uma reforma integral cujos cacos disformes serão encaminhados para restauração. Uma nova estrutura será edificada tendo como suporte uma sensibilidade que floresça sem provocação artificial, como foi direcionada pelo mundo digitalizado. O racional continuará sua tarefa, menos ridículo e mais sábio, calibrado pela precisão do pensamento ponderado e inteligente. Afinal, sou um homem emprestado para o mundo, mas me pertenço. Me tenho, ainda. Não me robotizei, por enquanto. Então ainda há tempo uai.

Mas aí veio 2020 e colocou grande parte das pessoas trabalhando à distância. Comportamentos e sentimentos que por (mau) hábito deixávamos de lado, por exemplo, não deu mais para esconder com a famosa "falta de tempo" para fazer qualquer coisa, não ter tempo era simplesmente uma justificativa para não fazer o que não queria fazer. Não ter tempo para os filhos era porque não queria mesmo dividir a tarefa nos cuidados. Não ter tempo para a família era porque o tempo para com os amigos importava mais. Não ter tempo para o médico era porque não queria ir em busca de descoberta e algum mal.

Percebemos que não basta ter tempo ou ter mais tempo livre, ou ficar em casa todo o tempo, para fazer tudo aquilo que acreditávamos que deveríamos fazer para atender a uma ideia ou conceito do que é viver bem, ou do que é ser bom funcionário, bom líder, bom empresário.

Precisamos também de tranquilidade, segurança emocional, esperança, amizade, amor, compaixão, conexão, tudo isso veio à tona com a pandemia. Nossas necessidades mais profundas foram escancaradas. E vai levar um tempo ainda para lidar com tudo isso.

Somos humanos e a natureza humana compartilhada aspira ser feliz e evitar o sofrimento. A interdependência é uma característica chave da realidade humana assim como a impermanência faz parte da vida.

São estas as propostas que ofereço para a humanidade ‘que me rodeia’ no entorno. Apesar de calcadas no mesmo lampejo epifânico que orientou Clarice Lispector, guardam a verdadeira mensagem de que a vida é bela e merece ser exaurida intensamente. Afinal, somos merecedores de um Natal com paz e harmonia e um novo ano com a infindável esperança de um próspero amanhã. Basta ter fé e acreditar. Acreditar e ter fé.

Perdoe-se por tudo aquilo que você julga ter feito mal, deixe todos os erros no passado. Destes erros, Deus saberá cuidar. Mas planeje o seu futuro. Siga as palavras de Deus para traçar o seu caminho, tenha uma vida feliz, de paz e amor, ainda que com Pandemia, mas sabendo, agora sobre a necessidade de mudanças.

A vida é todos os dias.

Extrema, 26/12/2020.

1000ton

Milton Furquim
Enviado por Milton Furquim em 27/12/2020
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