O MITO DA CAVERNA INTERTEXTO DO CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNAS?

Resumo

A noção de intertextualidade como referência a outros textos é antiga na visão tradicional da literatura dando-lhe reserva em gêneros específicos como a sátira, a paródia, o plágio etc. ou a certas partes do texto como as citações, notas e epígrafe. A partir da década de sessenta, Julia Kristeva levou mais à frente o conceito e aplicou-o à literatura como um todo. [1] Platão constitui referencial inevitável no pensamento ocidental ao longo de muitos séculos. A República, ao idealizar o Estado perfeito, é fonte inesgotável onde os juristas buscam uma melhor compreensão da justiça e das leis. O fictício Caso dos exploradores de cavernas é parábola contemporânea e constitui-se em marco inaugural do pensamento jurídico para estudiosos do Direito. O propósito, do presente trabalho, é realizar uma leitura intertextual, que permita observar de que forma o Mito da caverna de Platão está presente na obra de Lon Fuller O caso dos exploradores de cavernas.

Palavras-chave: Platão. Justiça. Saber. Intertextualidade. Mito.

1 Introdução

Concordam os críticos que alguns autores, na reflexão teórica ou na produção literária, utilizam obras consagradas na fundamentação das próprias teses, sob a influência de processos mentais conscientes. Estes, reconhecem ser de outrem a idéia-suporte desenvolvida em seus textos. Contudo, pode ocorrer que, em virtude de processos mentais subconscientes, leituras remanescentes, adormecidas, manifestem-se em outros que nem percebem estar explorando argumentação alheia.

Erasmo de Rotterdam ilustra bem o primeiro caso. Em Elogio à Loucura [2] esse autor faz notar que é a demência que traz o homem ao seu estado natural, em detrimento das ciências que afastam o homem do que é intrínseco da sua existência. Quanto mais próximo da natureza, mais próximo da felicidade.

No texto, Erasmo demonstra que as pessoas têm diferentes realidades e que conseguem viver felizes independentemente de qualquer realidade. Para melhor ilustrar sua justificativa, remete ao Mito da Caverna, de Platão. No entanto, Erasmo inverte o sentido do Mito, mostrando que independentemente de haver um mundo melhor, cada homem pode ser feliz dentro da sua realidade, mesmo essa não sendo a verdadeira. [3]

Em A caverna, José Saramago descreve um mundo em rápido processo de extinção onde outro cresce e se multiplica como um jogo de espelhos, parecendo não haver limites para a ilusão enganosa. Neste mundo, uma família de oleiros compreende achar-se desnecessária à vida. No enredo, o prêmio nobel português apresenta, também, a inspiração e as reflexões da poderosa crítica à condição dos homens, escrita há muitos séculos atrás. [4] Os críticos de Saramago já haviam apontado o Mito como um dos intertextos de Ensaio sobre a cegueira. [5] Em A caverna, foi o próprio autor que o elegeu como o principal intertexto.

No Brasil, pode-se citar, como exemplo, a intertextualidade que Machado de Assis traçou com Shakespeare. Na obra Dom Casmurro, ecos de Otelo ressoam à farta.

A base temática das duas obra é o amor - sentimento imenso que acaba levando, por razões de ciúme, ao desfecho trágico. Em Otelo, o herói mouro assassina Desdêmona, suicidando-se ao descobrir a injustiça da violência. Machado narra em Dom Casmurro um idílio adolescente que culmina em casamento. Na suspeita de estar sendo traído, o cônjuge resolve ir à forra da esposa e do filho que supõe bastardo. Sob pretexto, envia-os para a Europa, onde falecem.

Neste ponto vale a pena recordar que a própria obra shakesperiana derivou da novela italiana Sétima Novella da Terceira Década da Hecatommithi, de Giraldi Cinthio (século XVI), tendo o bardo inglês modificado nomes, situações e o caráter de alguns personagens. [6]

É de se ver que na Literatura, a intertextualidade é recorrente, porque cada estilo de época, mesmo opondo-se ao anterior, retoma parte da estética passada. Mas, a absorção e a transformação de idéias ou conceitos não é prática exclusiva de textos literários escritos, como se é de supor. É fenômeno presente, em todas as formas de manifestação artística e, até mesmo, ocorre na produção científica de áreas correlatas de conhecimento, que utilizam conceitos e expressões comuns, criados em diversos trabalhos anteriores.

Se Erasmo inverteu a premissa para justificar sua obra; Machado metamorfoseou Otelo em Dom Casmurro, o que também fizera Saramago em A caverna e Ensaio sobre a cegueira, Fuller estruturou O caso dos exploradores de cavernas com o subconsciente atento ao Mito platônico?

Não há indicações de que o jurista norte-americano tenha, intencionalmente, utilizado a alegoria de Platão para dar estrutura ao enredo de seu texto. É, contudo, perfeitamente, possível imaginar-se que tenha decalcado a ideia platônica em seu texto, com base em reminiscências ou lembranças tênues.

Ele que estudara Economia e Direito em Stanford e atuara como professor de Teoria do Direito, inicialmente, nas Faculdades de Direito de Oregon, Illinois e Duke e, a partir de 1940, na Faculdade de Direito da Universidade de Harvard, obviamente, tivera contacto amiúde com a obra clássica.

Aqui cabe considerar que no campo da realidade intertextual, não há obra original em essência, pois como diz Michel Foucault, em Arqueologia do saber (The archeology of knowledge):

(...) as margens de um livro jamais são nítidas nem rigorosamente determinadas: além do título, das pri-meiras linhas e do ponto final, além de sua configura-ção interna e da forma que lhe dá autonomia, ele estápreso em um sistema de remissões a outros livros, outros textos, outras frases: nó em uma rede (...) [7]

Entendida intertextualidade como a relação de um texto com outros textos de autores diferentes, objetiva o trabalho estabelecer se há conexão entre O caso dos exploradores de caverna, de Lon Fouler, e o Mito da caverna, de Platão, fonte de intertextualidade para diversas obras.

2 Inferências intertextuais

Imagina ainda o seguinte – prossegui – Se um homem nessas condições descesse de novo para o seu antigo posto, não teria os olhos cheios de trevas, ao regressar subitamente da luz do Sol? – Com certeza. – E se lhe fosse necessário julgar daquelas sombras em competição com os que tinham estado sempre prisioneiros, no período em que ainda estava ofuscado, antes de adaptar a vista – e o tempo de se habituar não seria pouco – acaso não causaria o riso e não diriam dele que, por ter subido ao mundo superior, estragara a vista, e que não valia a pena tentar a ascensão: E a quem tentasse solta-los e conduzi-los até cima, se pudessem agarrá-lo e matá-lo, não o matariam? [8]

Platão foi prodigioso em utilizar os mitos gregos e universais em suas obras, como forma de melhor esclarecer as idéias disseminadas nos textos. A palavra mito que encerra muitos significados, no presente artigo identificará uma idéia de passado, de estória fabulosa, não verdadeira, mas valorada a ponto de ter eficácia social.

A transcrição acima pertence ao Livro VII de A República. Platão, em forma dialética, explica para Glauco o caso de um grupo de pessoas cuja existência se resume a permanecer, eternamente, aprisionadas em uma caverna subterrânea.

No ambiente em penumbras, todos estão acorrentados de tal forma que só conseguem enxergar a parede à frente. Ali, se percebem sombras de figuras humanas em movimento, produzidas pela chama de uma fogueira postada atrás de uma tela. Toda a realidade conhecida pelos habitantes da caverna são essas sombras.

Com essa parábola, o pensador grego, fazendo alusão à vida de seu mestre Sócrates, morto pela assembléia ateniense sob a acusação de influenciar negativamente os jovens, pretendia demonstrar que o planeta terra é uma grande caverna, sendo os fenômenos da natureza meros reflexos das idéias.

Os homens, aprisionados pela ignorância, apenas, conseguem perceber, através dos sentidos, esses reflexos: as sombras. Somente os sábios, por meio da razão, conseguem descobrir a realidade.

A seqüência dessa estranha alegoria retrata, exatamente, isso. Certo dia, um dos habitantes da caverna liberta-se e descobre a origem das sombras. Ultrapassando a entrada da caverna, vê-se diante da verdadeira fonte de luz e compreende a realidade.

Vinte e cinco séculos separam o texto citado acima e o que se reproduz a seguir, extraído de O caso dos exploradores de cavernas:

Quando os homens foram finalmente libertados soube-se que, no vigésimo terceiro dia após sua entrada na caverna, Whetmore tinha sido morto e servido de alimento a seus companheiros. Das declarações dos acusados, aceitas pelo júri, evidencia-se que Whetmore foi o primeiro a propor que buscassem alimento na carne de um dentre eles, sem o que a sobrevivência seria impossivel. [9]

O texto de Fuller, enquanto relato em forma de narrativa com caráter explicativo e repleto de personagens e situações simbólicas, constitui igualmente um mito da modernidade. Em resumo, versa sobre um grupo de exploradores de cavernas que, em uma das expedições, fica confinado no interior de uma gruta sendo obrigados a se alimentar com a carne de um deles que foi sacrificado para a sobrevivência dos demais. Resgatados, os sobreviventes são levados a julgamento no Tribunal do Júri por homicídio.

Em seu pequeno, mas importante texto, Fuller aguça a curiosidade dos calouros de Direito, inaugurando-os no pensamento legal, levando-os, gradativamente, à formação de uma consciência crítica sobre a realidade jurídica. Desta forma, vislumbra-se a aplicação da técnica da história metafórica, já tomado como exemplo O mito da caverna de Platão.

Platão, no uso da dialética, procurava despertar no espírito dos patrícios o entendimento do saber, que viria de modo extensivo a desaguar na compreensão do próprio conceito de Justiça, aplicada injustamente ao mestre, figurado como o que abandona a escuridão da caverna.

O jusfilósofo norte-americano, que foi ligado ao movimento do realismo jurídico desejava que do case study, hipotéticamente engendrado, os alunos percebessem, através das várias opiniões dos juízes fictícios, as diferentes correntes da filosofia do direito, e delas consubistanciasse o entendimento do que fosse a justiça, praticada nos tribunais que poderiam igualmente sentenciar pessoas injustamente.

Em Platão, o personagem, em sentido ascendente, galga as escarpas íngremes em busca da luz. Metaforicamente, a ação pode ser entendida como a busca do saber, do conhecimento e por extensão do significado da justiça. Ao perceber a nova realidade, faz o caminho inverso para compartilhar com os demais prisioneiros, mantidos escravos no obscuro meio rochoso, o novo significado de vida, liberdade e justiça.

O contrário é percebido no texto de Fuller. O grupo de exploradores, suficientemente, plenos de consciência do que é certo e justo, em sentido descendente, brutalizam-se quando aprisionados no interior da caverna.Em meio à luta pela sobrevivência, apaga-se no espírito de todos os resquícios de conhecimento e de justiça do mundo real que sabe existir por detrás das grossas paredes de calcáreo. A ignorância da animalidade substitui a consciência. A sobrevivência contrapõe-se a qualquer conceito do que seja correto e justo.

É, igualmente, possível se inferir vestígios do pensamento platônico no procedimento dos magistrados da Corte Suprema de Newgarth. Pelo prisma do Mito, os juízes agiram como os prisioneiros da famosa caverna. Olharam para o fato e aplicaram a norma como se estivessem enxergando apenas a parede. Não pararam para refletir se se deparavam com uma realidade verdadeira ou não, se acomodaram às correntes de suas ideologias.

A entrada da caverna jurídica, contudo, permite a penetração de tênue luz exterior, que se representa pela visão do direito natural. É através dele que, na semi-obscuridade, se vê as sombras de uma melhor interpretação e aplicabilidade das leis se movendo no interior das instituições do Judiciário.

Assim, as duas parábolas abordam aspectos comuns mesmo que tratados de forma subreptícia e inversa: o saber e a justiça. É corrente que no pensamento de Platão faz justiça somente quem souber o que é justiça. E para se saber o que ela é, o conhecimento (a luz) é fundamental, tanto quanto o é para se saber se foi justa ou não as sentenças prolatadas pelos juízes do caso proposto por Fuller.

3 Considerações finais

Empreendeu-se a análise comparativa entre O mito da caverna de platão e O caso dos exploradores de cavernas, na qual se perqueriu a existência de recursos intertextuais que concorrem para a articulação do texto de Lon Fuller com o de Platão.

Intertextualidade, ficou dito, pode estar explícita ou implícita no texto. A constatação de sua ocorrência depende de o leitor ter conhecimento ou não do que se trata. É o que afirma Koch: “a intertextualidade diz respeito aos modos como a produção e recepção de um texto dependem do conhecimento que se tenha de outros textos com os quais ele, de alguma forma, se relaciona”. [10]

A pesquisa não observou os recursos básicos da alusão, da citação, da referência etc., embora, constatasse que, no tocante ao aspecto formal, a obra de Fuller utilizou-se da alegoria da caverna e da imagem das escarpas como símbolos para a superação de obstáculos, presentes no paradigma platônico.

É conhecido que o embasamento do livro de Fuller está nos votos dos juízes da Corte Suprema de Newgarth que variaram entre as diversas teorias da filosofia do direito, oferecendo uma lição sobre a essência de cada teoria, notadamente sobre o jusnaturalismo e o positivismo. E também dar a conhecer como se comportam os julgadores de acordo com a corrente de pensamento jurídico adotada.

A exemplo dos personagens de Platão, os magistrados e também os exploradores da sociedade paleontológica de Newgarth estavam aprisionados nos subterrâneos dos costumes e da justiça do direito positivado. Nesse mundo de conforto, nenhum deles imaginava ver as coisas em si, surgidas a partir da adversidade.

Os magistrados, ao se depararem com as trevas do instinto desconhecido, redescoberto pelo homem em busca da sobrevivência, se ofuscaram. Não se sabe se estes juristas em suas consciências refizeram o caminho de volta, ação praticada pelo personagem de Platão. Se o fizesse, talvez, surgisse da compreensão da experiência dos homens sentenciados à morte uma justiça renovada, aperfeiçoada, por se basear no mundo real e não na fictícia realidade extraída dos ordenamentos jurídicos.

Não se pode esperar destino diferente para aquele que adquire consciência e volta à caverna para libertar os demais do julgo da ignorância que os prendiam. [11] Os antigos companheiros de infortúnio, como os juízes da Corte Suprema, escarneceram dele, não acreditando em suas razões. Os juízes com a força do positivismo jurídico bem como os habitantes do subterrâneo não conseguindo silenciar com caçoadas o brado de quem descobrira a luz do conhecimento, o fizeram calar espancando-o, uns e prendendo, outros, os togados. Como mesmo assim, o ditoso teimasse em afirmar o que vira e os tentasse convencer a sair da caverna, acabara morto, sentenciado pela ignorância de quem desejava libertar.

Os exploradores, sentenciados à morte, calaram-se diante da letargia dos magistrados que viram na aparência das coisas aquilo que verdadeiramente não é. Satisfizeram-se com as sombras dos objetos na parede da caverna, por estarem em avançado estágio de alienação ideológica.

A partir dessas considerações, conclui-se que o gesto intertextual de Fuller repete, de maneira inovadora, o Mito da caverna. Como Erasmo de Rotterdam fez uso da temática platônica de modo inverso em sua estratégia narrativa, dadas as referências encontradas, pode-se afirmar que Fuller fizera, inconscientemente, o mesmo que Saramago, no Ensaio sobre a cegueira, Machado de Assis, em Dom Casmurro e Shakespeare, em Otelo.

Que não pairem dúvidas: intertextualidade não significa plágio, mas a interação entre textos, um diálogo entre eles. Plágio é a apropriação total ou parcial de produção alheia, tomando a autoria para si, intencionalmente, e colocada em outro contexto. Assim, não há como falar em plágio sem falar em consciência e intenção e ambas faltaram a Fuller na construção de sua magnífica obra.

Em síntese, pode se afirmar que o autor, ao inverter o sentido da caminhada no interior da caverna (Ignorância-Treva → Conhecimento-Luz // Conhecimento-Luz → Ignorância-Treva) deu nova feição ao mito platônico, retirando-o de sua forma original, caracterizando o que se chama de intertextualidade fraca, diluída ou pouco explícita. Neste mecanismo, a menção feita ao texto original é tão sutil que sequer é percebida pelo leitor.

A respeito de o estado natural exposto no Mito da Caverna propiciar mais felicidade do que o estado positivista, previsto em O caso dos exploradores de cavernas, nada se pode afirmar. Tecer qualquer opinião acerca do tema, além de fugir do objeto da pesquisa, seria incorrer na loucura tão bem elogiada por Erasmo de Rotterdam.

Notas

Kristeva, Júlia. Introdução à semanálise. São Paulo: Perspectiva, 1974. p. 64.

2 Roterdam, Erasmo de. Elogio da Loucura, trad. de Paulo M. Oliveira. Coleção Os Pensadores, São Paulo, Abril Cultura, 1972.

3 Santos, Ynaê Lopes dos. SANTOS, Ynaê Lopes dos. A Reforma. Klepsidra. São Paulo. Disponível em: <http://www.klepsidra.net/klepsidra6/areforma.html>. Acesso em: 16 jul 2006.

4 Saramago, José. A Caverna. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

5 Saramago, José. Ensaio sobre a Cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

6 Sant’anna, Affonso Romano de. Paródia, paráfrase e cia. São Paulo: Ática, 1988, p. 84.

7 Foucault, Michel. Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro: Forense, 1995. p 107.

8 Platão. A República, p. 212.

9 Fuller, Lon L. O caso dos exploradores de cavernas. Tradução: Plauto Faraco de Azevedo. Porto Alegre: Fabris. 2000. p. 5-6

10 Koch, Ingedore Villaça. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2000. p. 46.

11 Platão. A República, tradução: Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2003.

Referências Bibliográficas

FOULCAULT, Michel. Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro: Forense, 1995.

FULLER, L. Lon L. O caso dos exploradores de cavernas. Tradução: Plauto Faraco de Azevedo. Porto Alegre: Fabris. 2000.

KOCH, Ingedore Villaça. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2000

KRISTEVA, Júlia. Introdução à semanálise. São Paulo: Perspectiva, 1974.

PLATÃO. A República, tradução: Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2003.

ROTTERDAM, Erasmo de. Elogio da Loucura, trad. de Paulo M. Oliveira. Coleção Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1972.

SANTOS, Ynaê Lopes dos. A Reforma. KLEPSIDRA. São Paulo. Disponível em: <http://www.klepsidra.net/klepsidra6/areforma.html>. Acesso em: 16 jul 2006