Uma dose
Nas escuras e sombrias ruelas dessa vida
Esgueirei-me ditosa
E por vezes desfalecida
Coração comprimido no peito
Vendo os sonhos se desfazendo
Enquanto sobrava-me o leito
Leito frio construído pelo desprezo
Daquele que se quer olhou-me
Mas que na infinita escuridão afastou-se sem zelo
Nesse abismo arranhei as paredes
Tentando agarrar-me a ilusão
E minha garganta secar em louca sede
Sede que não finda
Que rasga o que eu sou
Me deixando na berlinda
Me negando qualquer alívio
Aguçando essa dor
Que descarna e me mata sem dizer nenhum pio
Como louca me trataste
Sem se importar com essa dor
Apenas pra ti olhasse
Meu grito inadível
Aos teus ouvidos nada afetou
Foi apenas navalha para meu coração sensível
E causou-me mais dor
Quando tudo que eu buscava
Era por uma dose de amor