Poeta morto

Poeta morto não escreve,

nem esquece, nem prescreve

outro amor para o que acabou.

Poeta morto não existe,

só desiste por um momento

de por outro momento no que passou.

Poeta morto também ama

quando chama pela chama

que, ainda em seu peito, anda.

É que o poeta morto

não deixa de ser torto,

nem se queixa a esmo.

É que poeta bom

tem seu tom. Nasce morto

e sangra todo dia.

Por isso ele não escreve,

dá à luz, proscreve à morte.

Vai na sorte de nascer poesia!