Para quem quiser saber,
digo que não me sinto solto.
Longe de livre ou perdido ser,
mesmo que etéreo, tênue e leve,
sinto-me tão preso quanto louco.
E se louco, posso dizer, feliz?
Porque se acontece de me prender,
é que já nasci morto de desejo.
Longe de não sonhar ou enlouquecer
na busca incessante do que não vejo,
ainda que isto nunca me leve
além de um palmo à frente do meu nariz.
Então não me interroguem;
então não me questionem.
Não sei nem de mim,
como saberia do que sou?
Como saberia do porvir?
Basta-me estar aqui.
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