Existência
O ar pesou como se vento fosse
em minha alma como se corpo tivesse
e eu morri como criatura que sou.
O fogo que consumiria o doce
de minha carne, como se aquecesse,
o último fôlego, também queimou.
Por que, morto, não faleço?
Por que velho, não esqueço?
Ah, que vida é essa... Mereço?
"Esquisitar-me" entre mortos;
endireitar-me os passos tortos;
uma missão além dos esforços.
O ar sobre os ombros um tanto
preparados para o último confronto
até perder-se do corpo, o ponto.
O fogo queimando o ar, enquanto
perde-se no último ponto, encanto.
E a vida, esvaindo-se... nem tanto.
Ainda me resta morrer nesse mundo
onde acordei há tempos, estranhando.
Teimo a voltar pro meu sono profundo.