Existência

O ar pesou como se vento fosse

em minha alma como se corpo tivesse

e eu morri como criatura que sou.

O fogo que consumiria o doce

de minha carne, como se aquecesse,

o último fôlego, também queimou.

Por que, morto, não faleço?

Por que velho, não esqueço?

Ah, que vida é essa... Mereço?

"Esquisitar-me" entre mortos;

endireitar-me os passos tortos;

uma missão além dos esforços.

O ar sobre os ombros um tanto

preparados para o último confronto

até perder-se do corpo, o ponto.

O fogo queimando o ar, enquanto

perde-se no último ponto, encanto.

E a vida, esvaindo-se... nem tanto.

Ainda me resta morrer nesse mundo

onde acordei há tempos, estranhando.

Teimo a voltar pro meu sono profundo.

Pedro Aldair
Enviado por Pedro Aldair em 30/01/2015
Reeditado em 30/01/2015
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