A empatia foi e ainda é a única saída para conhecermos o outro.
A empatia foi e ainda é a única saída para conhecermos o outro.
Com origem no termo em grego empatheia, que significava "paixão", a empatia pressupõe uma comunicação afetiva com outra pessoa e é um dos fundamentos da identificação e compreensão psicológica de outros indivíduos.
Empatia significa a capacidade psicológica para sentir o que sentiria outra pessoa, caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. É tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar o que sente outro indivíduo. A empatia leva as pessoas a ajudarem umas às outras. Está intimamente ligada ao altruísmo - amor e interesse pelo próximo - e à capacidade de ajudar.
A empatia também ajuda a compreender melhor o comportamento alheio em determinadas circunstâncias e a forma como outra pessoa toma as decisões. Um exemplo de empatia seria o caso de racismo, por exemplo. Ao ver ou saber que uma pessoa sofreu um episódio de racismo, você pode ter empatia pelo outro, entender o que ele sentiu ao sofrer com o episódio. Mesmo que o caso de racismo não seja diretamente com você, o sentimento de se colocar no lugar do outro e acolher a dor sofrida por ele, diz sobre a empatia. Sendo assim, o antônimo da empatia seria a indiferença ao que o outro sofre.
Realmente a sociedade está precisando mesmo da empatia... E de muita empatia. Por evidente, nutrir empatia em uma sociedade cheia de preconceitos é difícil. Dificílimo. A saída para isso é alimentar a curiosidade pelo outro. Já é um bom começo para sermos empáticos. Nós não conversamos com quem não conhecemos. Essa, curiosidade, seria um belo exercício de sensibilização. Ficamos muito tempo com pessoas que são como nós.
Sou daqueles que não fazem distinção de pessoas, por esse motivo já sofri muitas decepções. E até tristezas pelo que me fizeram ao tratá-las bem. Incrível, sofrer discriminação por tratá-las bem. O mundo nos transforma em ‘pedras de gelo’ e o que se passa com o outro serve apenas para comentários. E comentários maldosos, quanto muito. É muito fácil ficar enclausurado e pregar um mundo maravilhoso. Muito contraditório e superficial. Vá viver o dia a dia de comunidades e o mundo se apresentará de forma bem diferente. O resto é só conversa e teorias.
Se não tivermos a capacidade de nos pormos no lugar da outra pessoa, nunca vamos entender nada porque estamos sempre a olhar para o nosso umbigo, se não sabemos porque esta pessoa ou a outra pessoa falou ou agiu daquela maneira, caímos no erro de fazer juízo de valores errados. A empatia é fundamental para uma boa comunicação e uma boa convivência. A empatia nos torna seres compreensíveis, gentis. A gentileza é capaz de grandes maravilhas na vida dos seres humanos.
É preciso entender e compreender que convivemos com pessoas totalmente diferentes de nós, logo precisamos entender que as vidas dos outros são diferentes da minha, da sua. Isso com certeza te abrirá completamente para ser uma pessoa empática, pois verá com os olhos e com o coração, muitas vezes a pobreza (material ou de espírito), o sofrimento e a felicidade sem qualquer maquiagem dos seus semelhantes.
Temos que aprender a ter consciência, que a maneira que você muda uma sociedade não é mudando a política, ou partidos, ou leis, é mudando relacionamentos. É através de empatia, através de uma conversa por vez, com as pessoas entendendo as outras. E para isso é necessário conversar mais, interagir mais, ser solícito, amável.
Temos que cultivar a curiosidade diante dos estranhos. Sim, isso mesmo, temos que ser curioso em relação a estranhos e, mais ainda, com nossos vizinhos, enfim com quem está ao nosso derredor.
As pessoas altamente empáticas tem uma curiosidade enorme sobre o outro. Eles conversam, por exemplo, com a pessoa sentada ao lado deles no ônibus, como se tivessem aquela curiosidade de criança, aquela curiosidade que a sociedade é tão boa em tirar da gente. Eles acham as outras pessoas mais interessantes do que eles mesmos. O historiador oral Studs Terkel diz: “Não seja um examinador, faça perguntas e mostre interesse”
Ora, ser empático é se identificar com outra pessoa ou com a situação vivida por ela. É saber ouvir os outros e se esforçar para compreender os seus problemas, suas dificuldades e as suas emoções. Quando alguém diz “houve uma empatia imediata entre nós”, isso significa que houve um grande envolvimento, uma identificação instantânea.
O contato com a outra pessoa gerou prazer, alegria, satisfação e compatibilidade. Nesse contexto, a empatia pode ser considerada o oposto de antipatia. Para ser empático é preciso conseguir ultrapassar as barreiras do egoísmo, do preconceito ou do medo do que é desconhecido ou diferente.
Nós todos temos achismos e sempre colocamos rótulos nas pessoas: “fundamentalista islâmico” “do lar”, entre outros. Isso nos faz deixar de apreciar a particularidade de cada pessoa. As pessoas altamente empáticas procuram passar por cima dos preconceitos e tentam encontrar algo em comum com outros, em vez de segregá-los.
Tente viver a vida de outra pessoa. As pessoa altamente empáticas desenvolvem a empatia tentando viver a vida de outra pessoa. Como diz o provérbio americano “ande uma milha com o mocassim de uma pessoa, antes de criticar a vida dela”. Lembrei-me de George Orwell. Com certeza é a maior inspiração para isso. Ele se vestiu de mendigo e morou junto a eles em Londres, para depois escrever “Down and Out in Paris and London” e mudar suas crenças, prioridades e relacionamentos.
Lembrando que temos que ser ‘todo ouvido’. Ouça muito e se abra. É necessário, para que você seja uma pessoa altamente empática, que consiga ouvir o outro e tentar entender o que ele está sentindo naquele exato momento, seja um amigo que acabou de ser diagnosticado com câncer, ou o seu companheiro que está bravo por ter que trabalhar até tarde de novo.
Mas, ouvir apenas não é suficiente. Temos que nos fazer vulneráveis, remover as nossas máscaras e revelar os nossos sentimentos para criar um laço com as pessoas.
A empatia pode ocorrer em todos os tipos de relacionamentos humanos: nas relações familiares, nas amizades, no ambiente de trabalho e até mesmo com pessoas desconhecidas.
Nas relações pessoais a empatia pode ser fundamental para a compreensão de dificuldades das pessoas com quem se convive, ajudando a diminuir e evitar conflitos. O mesmo pode ocorrer no ambiente de trabalho, já que a empatia pode ajudar que um colega compreenda as dificuldades enfrentadas por outro.
A empatia entre pessoas que não se conhecem é a mais difícil de ocorrer, já que se caracteriza por um sentimento de compreensão com uma pessoa com quem não existe nenhum vínculo de afeto. Entretanto, é importante saber que a empatia é um sentimento que pode ser praticado. Uma das maneiras de exercitar a empatia é treinar manter um olhar de afeto sobre as necessidades de outras pessoas. A empatia, sua exteriorização se dá através de hábitos. Precisa ser um hábito.
Empatia é para todos? De forma clara e direta, não! Empatia é um sentimento, é uma qualidade do ser humano. Porém, não são todas as pessoas que conseguem desenvolver essa habilidade. Não são todos os que nascem com empatia arraigada em seu ser. Alguns possuem grande dificuldade de desenvolvê-la. Desenvolver a empatia demanda inteligência emocional e psicológica, sendo esta já existente ou a ser desenvolvida. Nem todos possuem uma grande inteligência emocional para lidar com situações onde a empatia se faz necessária, mas é algo a ser desenvolvido.
Se você parar e pensar, vai ver que para ter empatia, é preciso, minimamente, saber ouvir e simpatizar com as dificuldades do outro. O que quero dizer é que aquelas pessoas que possuem traços de psicopatia em sua personalidade, geralmente, não conseguem ou não possuem a habilidade de desenvolver a empatia em qualquer forma. Mas vale lembrar que existem casos de pessoas que não possuem nenhuma psicopatia e ainda assim não conseguem desenvolver o sentimento de empatia por outras pessoas. São, normalmente, pessoas com um grau elevado de egocentrismo e que somente veem suas habilidades pessoais ao passar por problemas ou a lidar com situações adversas.
Para esse tipo de pessoa que não consegue sentir empatia por outras, ainda existe a possibilidade de desenvolver esse sentimento e procurar melhorar a capacidade de se colocar no lugar do outro, de entender as dificuldades que ele está enfrentando, de ajudá-lo a entender que isso tudo são oportunidades de melhoria e de evolução que a vida acaba oferecendo, ainda que demande tempo e esforço, pois este é um caso mais complexo do que os demais.
Não se aprende a ser empático na escola. Nesta sequer aprendemos as habilidades para a vida. Simples. Olhemos para a nossa própria educação – graduação, pós, doutorado – podemos considerar um fracasso porque não aprendemos nela habilidades para a vida. Nós vamos para a escola e não aprendemos sobre as coisas que mais nos preocupam na vida, como a forma de construir relacionamentos, de lidar com problemas familiares ou de escolher a carreira, como pensar sobre a criatividade e seu potencial. Nada disso se aprende nos nossos sistemas de educação. Sempre sentimos que está faltando alguma coisa na nossa própria educação.
Quando jovens, muito inquietos, espírito ‘mariguela’, em nossa jornada pessoal, vivenciando um acadêmico tradicional, aprendíamos sociologia na universidade. Nos deles e nos nossos discursos achávamos que só poderíamos mudar a sociedade por meio de partidos políticos. Ledo engano, quando na verdade, hoje, com espírito de Ghandi, podemos entender que a forma de transformar a sociedade era mudando a maneira como as pessoas se relacionam. Na forma como eu e você aprendemos uns com os outros, como nos colocamos no lugar do outro, como agimos com empatia, como você se compreende enquanto pessoa.
Em todo espaço seja físico seja imaterial a empatia também pode ser um fenômeno de massa e pode trazer a mudança social. As redes sociais tem que aprender a espalhar não apenas informação, mas também conexão empática. Temos que nos conectar e é bem de ver estamos conectados, mas não empaticamente.
Temos que desenvolver e imaginação ambiciosa e ousada. Precisamos desenvolver empatia não apenas com pessoas marginalizadas, mas também com pessoas com crenças diferentes das nossas, ou com os nossos inimigos”. Empatizar com a adversidade também é um caminho para a tolerância social. Foi isso que Ghandi passou durante os conflitos entre muçulmanos e hindus, que levou à independência da Índia, quando ele declarou: “eu sou um muçulmano, eu sou um hindu, eu sou um cristão, eu sou um judeu.” Não há nada mais verdadeiro essa empatia do Ghandi. Empatia na essência.
Quando você tem 14 ou 15 anos, você pensa sobre tudo. Pode ser que não tenhamos a linguagem ou espaço para falar sobre esses assuntos, mas todo mundo é especialista em sua própria experiência. Não podemos olvidar que, quando você tem uma conversa legal com alguém, você sente que mudou um pouco, criou-se uma espécie de igualdade. Nas escolas, estivemos e ainda estão sempre cercados de estranhos. O que as outras pessoas pensam são pontos obscuros para nós. Em empresas também. Existem muitas coisas que não sabemos sobre pessoas que estão próximas e assim se perde muito potencial. Conversas são importantes para abrir a cabeça das pessoas.
O bom disso tudo é que 98% das pessoas têm a capacidade de desenvolver empatia, de se colocar no lugar do outro, ver o mundo pelos olhos de outra pessoa. Mas nós nem sempre usamos isso. Os outros 2% são psicopatas, pessoas com alguns tipos de autismo. Alguns acontecimentos na nossa vida nos anima e incentiva nossa capacidade de ‘empatizar’. A boa notícia é que empatia é uma habilidade, conforme já discorri algures, que se pode aprender e se ensinar (exercitar o hábito).
O que a empatia pode trazer de positivo para a carreira? No passado, as pessoas consideravam que a empatia tinha uma importância moral, algo que faz bem para as outras pessoas. Mas estudos recentes mostram que a empatia é boa principalmente para você, eu (nós). Ao reunir visões diferentes, o trabalho se torna mais rico e proporciona mais felicidade. Hoje, modernamente, as empresas têm percebido que a empatia é uma habilidade importante para seus funcionários, pois permite um trabalho em equipe mais eficaz, uma vez que as pessoas se entendem e também compreendem os desejos e as necessidades dos clientes.
O que ainda predomina nas relações de trabalho é a não valorização e muito menos estimula relações empáticas, mas sim a competição, ao individualismo e ao progresso com base na queda de outras pessoas. Mas acredito em fortes evidências de que a empatia pode tornar negócios e relações de trabalho melhores. Empresas que têm altos níveis de empatia mantêm os funcionários por mais tempo. Todo mundo funciona melhor quando a empatia faz parte da cultura de uma empresa. Quando pesquisei, conversas sem qualquer cunho científico, sobre o que as pessoas dão valor no trabalho, descobri que as amizades e as boas relações desenvolvidas figuram entre os principais fatores.
De outro norte passamos muito tempo aprendendo a ler e escrever, mas não somos ensinados a entender as outras pessoas e nos colocarmos em lugares diferentes. Se não entendermos como fazer isso, não seremos capazes de pensar em diferentes atitudes. No espaço do trabalho é possível aprender muito ao se colocar no lugar de qualquer colega. Esse tipo de pensamento imaginativo é essencial para melhorar a comunicação.
A verdade é que as sociedades contemporâneas continuam incentivando o sucesso por meio das conquistas individuais, ainda. Perseguir o interesse próprio foi a grande propaganda do último século. Entretanto, ser humano não é apenas seguir os desejos individuais. A ideia de felicidade ocidental falhou. A introspecção, o interesse próprio, perseguir valores que não envolvam o coletivo… Temos a tendência a sentir compaixão uns pelos outros. Somos criaturas empáticas. Há estudos que mostram que compaixão dá prazer. Somos também coletivos. Formamos comunidades de todos os tipos, o tempo inteiro. As pessoas estão, cada vez mais, querendo fazer parte de algo maior do que elas mesmas. (.......) A ideia de empatia é, para mim, o ato de “calçar os sapatos de outra pessoa”. Olhar o mundo pela visão do outro. E, normalmente, quando pensamos nessas coisas, sempre consideramos um relacionamento somente entre duas pessoas. Entretanto, se olharmos a história, em todo o mundo, vemos que movimentos de empatia coletiva tiveram momentos de grande êxito. Em outros, sofreram um colapso e desapareceram, como no Holocausto e no genocídio de Ruanda. As pessoas podem agir juntas. Fazendo esse exercício de se colocar no lugar do outro, é possível, sim, mudar o mundo. (Roman Krznaric é um pensador cultural e escritor sobre a Arte de Viver. Ele é fundador e professor da The School of Life).
Autoconhecimento é o primeiro passo para poder compreender melhor as outras pessoas. Aprenda a conhecer mais de si. Pequenas transformações acontecem ao longo do tempo, as pessoas passam a te procurar com mais frequência para desabafar ou contar algo que as tem incomodado. Elas confiarão e respeitarão sua opinião cada vez mais e você passará a ser a primeira opção para aqueles que precisam se sentir mais acolhidos.
Para a pessoa que sente empatia por outra, isso pode ser algo transformador. Muitas vezes sentir que está sendo útil para outra pessoa pode ser o que faltava para se sentir verdadeiramente vivo. Perceba que os benefícios existem tanto para quem busca por colo quanto para quem oferece o ombro e viva o lado bom da humanidade.
Basta que seja dado um pequeno passo de cada vez, não é necessária uma revolução para que haja o início.
Enfim: E quando estiveres perto, arrancar-te-ei os olhos. E colocá-los-ei no lugar dos meus;
E arrancarei meus olhos Para colocá-los no lugar dos teus; Então ver-te-ei com os teus olhos E tu ver-me-às com os meus.
Extrema, 10/06/21.
Milton B. Furquim