Expressionismo
No início do século XX, surgiu na Alemanha um movimento cultural chamado Expressionismo. Marcado por mudanças políticas, sociais e intelectuais, típicas dos tempos de ruptura, e influenciado pelas sombras da Primeira Guerra Mundial. O forte pessimismo, a alusão aos temas sombrios e melancólicos relacionados à solidão e à morte são características que refletem esse contexto histórico.
O expressionismo fazia uma clara oposição ao impressionismo e ao positivismo ao expressar sentimentos e do mundo interior, com foco na subjetividade e na experiência sensorial. Nas artes, predominam os traços fortes, as cores vibrantes e contrastantes, o uso de técnicas e pinceladas violentas, e a representação de figuras distorcidas. Já na literatura, se fazem presentes uma linguagem mais grotesca, direta e metafórica, improvisos, a renovação de estilos, exemplificada pela quebra com o academicismo e com a racionalidade, garantindo uma maior liberdade das formas além da expressão de emoções intensas com um forte embasamento psicológico, por meio da análise subconsciente.
O movimento atingiu seu auge com a revista “Der Sturm”, que permitiu um maior alcance de seus ideais, e em 1918, o único manifesto expressionista que descrevia as características e aspirações do movimento, foi publicado por Kasimir Edschmid, no qual o autor afirma que ao invés de ver, o artista percebe. Enfatizando mais uma vez, o poder das percepções.
Entre os principais nomes, podemos citar na arte, o holandês Vincent Van Gogh, que tornou-se célebre por conta de suas obras de cores fortes e traços marcantes. Outro importante artista, Edvard Munch, imortalizou em sua obra “O Grito”, a síntese de tudo aquilo que os expressionistas pregavam, retratando a angústia e o desespero humano. Além desses, ressalta-se o trabalho de Ernst Kirchner, que foi um dos fundadores do grupo expressionista “Die Brücke”, responsável por revolucionar o fazer artístico. Enquanto isso, na literatura, há um destaque para o poeta austríaco Georg Trakl, que posteriormente cometeu suicídio, fazendo jus ao movimento artístico e literário ao qual se filiou. Pode-se identificar também, através de uma linguagem mais criteriosa e sensível, traços nítidos do impacto expressionista em obras do conceituado autor Franz Kafka.
Vanguardeiro, ou seja, pioneiro ao lançar a base de novos conceitos e pensamentos, os ecos do expressionismo não se restringiram ao (até então) “civilizado” mundo europeu. Seu legado para o Brasil pode ser identificado no Modernismo. Ideais do movimento reverberaram em Portinari, por exemplo, pertencente à segunda geração modernista, o artista exprimia em suas obras, situações que clamavam por cores contrastantes, ao explorar temas de forte cunho social. Do mesmo modo, é inegável que o movimento impactou as mais variadas linguagens artísticas, como a música, o cinema e o teatro, o que de fato demonstra a atuação do Expressionismo como uma possibilidade de expressar o lado mais humano que nos é indissociável.