Eu sou o pêndulo sépia nas horas chuvosas, a hera que verdeja no abismo entre eras, sou o grão de areia no deserto de existências, poeirenta, manchada, colérica, exilada em mim. Eu sou estrela rubra de um céu embriagado, pássara de minerva à meia noite, rastro fosco de luz nos pedregulhos do vazio, hermética, repentina, catatônica, sanguinária. Eu sou flor parasita expulsa do jardim dançante, melodia sinistra entre côncavos roncos, brisa bucólica que fulmina no abstrato, estéril, etérea, invertida, nunca lida.
Sobre minha pessoa pouco sei, vivo em um processo constante de autodescoberta, mas posso dizer que sou aquela que na vida anda só, que faz da escrita sua amante, que desvenda as veredas mais profundas do deserto que nela existe, que transborda suas paixões do modo mais feroz, que nunca está em lugar algum, e que jamais deixará de ser um mistério a ser desvendado pelas ventanias.