Sobre trovas
Quero aqui fazer uma observação importante.
Muitas pessoas aqui no Recanto das Letras estão postando poesias que classificam como trovas sem o serem.
Para quem não sabe, trova é um tipo de poesia que se originou na Roma antiga. Algumas eram encomendadas, outras criadas por puro prazer. Na época, trova era qualquer tipo de poema ou canção. Os trovadores, como eram conhecidos os poetas criadores deste tipo de poema, declamavam seus versos nas ruas e por isso ficaram conhecidos como trovas. Muito mais tarde, recebeu regras rígidas. É formado por quatro versos heptassílabos, isto é, em redondilha maior.
Não são quaisquer quatro versos que se classificam como trova. Os que não se encaixam na definição acima são chamados de quadras. Nem tampouco podem ser reunidas várias quadras num poema e chamar isso de trovas (no plural) pois a trova é um poema de sentido completo em uma única quadra.
Exemplo:
Tu és o meu doce encanto
que dá gosto de se ver.
Com teu sorriso, portanto,
até Deus para pra ver!
(Alberto Valença Lima)
Tu/ és/ o/ meu/ do/ceen/can/to, (não conta a última sílaba)
1 2 3 4 5 6 7
Que/ dá;/ gos/to/ de/ se/ ver,
1 2 3 4 5 6 7
Com/ teu/ so/rri/so/ por/tan/to, (não conta a última sílaba)
1 2 3 4 5 6 7
A/té/ Deus/, pa/ra/ pra/ ver.
1 2 3 4 5 6 7
Observe-se que quando a última sílaba do verso é átona ela não deve ser contada. As sílabas do verso só são contadas até a sílaba tônica da última palavra. No exemplo, elas estão em negrito.
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Texto enviado em 18/03/2014
Editado pela 1ª vez em 07/12/2018
Reeditado em 19/01/2022 para corrigir um erro de métrica no 1º verso que não tinha considerado a elisão, e também as letras maiúsculas no início dos versos.