6a. Parte- " A TRANSPARÊNCIA LITERÁRIA" - A imagem é mais poderosa que a metáfora (BACHELARD).
Responsabilidade Social do Autor- Nesta 6a. parte deste conjunto de reflexões sobre a "Transparência Literária", abordamos um texto de Júlio Cesar Lobo, da Universidade Federal da Bahia, em que discute a questão da responsabilidade do autor , ou melhor dizendo: ele questiona no texto a validade da "revolução pela palavra" que se constitui num dos corolários da militância política. O interesse social encontra seu espaço especificamente na prosa, enquanto no nosso entendimento a poesia tem sua índole ligada à reflexão das experiências subjetivas do ser humano, especialmente àquelas espirituais, à meditação, e aos valores absolutos de transcendência,
conforme expressou o poeta italiano Eugênio Montale, se bem que episodicamente a poesia é posta como ferramenta de conscientização, especialmente apresentando-se como "prosa poética", arte engajada, partidária, maniqueísta, sobrepondo-se ao plano estético da expressão
poética.
Mas as palavras poéticas são úteis para expor opiniões políticas, isto
foi exemplificado no filme de Glauber Rocha "Terra em Transe", em que o personagem Paulo Martins expressa opiniões da intelectualidade para
a massa popular,com discutível eficácia. Se isto é verdade, qual é a validade da inclusão no filme de um texto frustrado na direção de uma "guerra revolucionária" no Brasil de 1967?
Júlio Cesar Lobo alerta, como resposta à questão anterior que tal prática política está ligada à tradição cultural romântica dos intelectuais (com arroubos poéticos "byronianos") pretender via poesia,
a exemplo da "poesia condoreira", influir na política.
Lobo nos coloca em impasse : É eficaz a prática ou não é?
Glauber Rocha nos responde com a fala de Sara, personagem, com
a seguinte frase: " _Política e poesia são demais para um só homem.
(continua)