Poesia corena I: Sijô a poesia clássica

Uma das principais vantagens em habitar uma metrópole como São Paulo, è que, apesar de tudo, a cidade transborda Cultura. Um exemplo disso aconteceu comigo recentemente, quando ao me abrigar da chuva topei com uma exposição a respeito do alfabeto e da literatura coreana, no espaço literário “Haroldo de Campos” na Paulista. Então,após uma palestra da especialista em língua coreana e tradutora Yun Jun Im, resolvi aprofundar-me nas pesquisas e começar á postar algumas descobertas aqui na net:

Introdução

Primeiramente digo a vocês que o povo coreano possui um alfabeto próprio o Hangul, como informação relevante para a diferenciação do idioma vigente na Coréia(e nesse caso não importa a discriminação política em Norte e Sul, porque até 1953 essa separação política era inexistente) com os outros idiomas orientais. È fato que uma pessoa que fala português pode até entender algumas palavras em espanhol e italiano, mas um coreano dificilmente entenderá palavras em japonês ou chinês, apesar de compartilharem até alguns símbolos fonéticos.

A história do Sijô nos remete a uma época em que o governo da península coreana se dava pelas grandes Dinastias, entre elas a Koryó(918-1393) e a Yi(1392-1910) .E começa uma fase de transição filosófica do Budismo para o Confucionismo.

Sobre o Sijô

O Sijô era uma arte restrita aos nobres e políticos, consolidando-se como arte no séc XIII de nossa era, e tradicionalmente repassada ao povo por tradição oral. A estruturação original básica do Sijô são 3 versos e em média 45 sílabas. Nas traduções para a língua portuguesa essa estrutura foi modificada para 3 estrofes e quatro grupos frasais(essa modificação foi feita para aferir o aspecto de correspondência entre o o diagrama sonoro original-melodia e fala).

As temáticas recorrentes nos sijôs são:

- os dilemas e regras comportamentais do homem dentro dos ensinamentos do confucionismos;

e posteriormente após sua popularização no séc XVIII- as temáticas amorosas, e de contemplação da natureza.

Alguns sijôs:

O sol se põe

no oeste

O rio deságua

no Mar do Leste

Os heróis

de todos os tempos

se findam

nos mausoléus

Deixa:é o curso natural de ascensão e queda

Haverá um modo

de detê-lo? (Tchwe Tchung-984-1068)

Dois budas de pedra

frente a frente

sem roupa

sem comida

sob o vento

sob a chuva

neve

geada

Ainda assim os invejo pois não conhecem

a dor humana

da separação (Jóng Tchór-1536-1593)

Reflexo

sobre a água:

Um monge

cruza a ponte

Monge,

um momento:

para onde

vais?

Apontou então a nuvem branca

e partiu

sem mais( anônimo)

Não te importes

em estender a esteira

pois folhas secas

se espalham no chão

Não acendas

a tocha

que a lua de ontem

já surge no céu

Não me digas,menino que não há vinho:

dá-me um copo, que beberei

entre estes montes verdes. (Han Ho-1543-1605)

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(Fonte:

texto elaborado com pesquisas e palestra e também com informações obtidas na antologia “Sijô:poesiacanto coreana clássica” de autoria de Yun Jung Im e Alberto Marsicano com colaborações especiais de Haroldo de Campos

O'ROURKE, Kevin. The sijo tradition. Seoul: Jung Eum, [1987]. 216 p.

Grupo de Discussão sobre o sijô clássico e moderno( em inglês)

sijoforum-subscribe@yahoogroups.com)