A literatura pós-moderna
Nestes dias e tempos, a maioria dos escritores, seja em que língua for, está por demais preocupada em receber reconhecimento por parte dos demais escritores - ser reconhecido pela proeza mental, pela manipulação das palavras - , lamentavelmente esquecendo que a palavra é uma arma, um poderoso instrumento na sociedade, na política, na economia. E que qualquer coisa que se crie deveria atingir o nosso mundo em ebulição, e não apenas um grupo ínfimo de "iniciados" capaz de entender as elocubrações intelectuais de quem tem pretenção de se tornar um ás das letras.
Escritores assim são como meninos brincando com armas de brinquedo, mostrando um ao outro como a sua arma é bonita, mas jamais empunhando a arma verdadeira para algo que seja frutífero - mesmo que seja apenas para trazer beleza aos que sofrem.
A palavra, em suas mãos, é um instrumento inútil, como os músculos da pessoa que faz exercícios apenas para mostrar aos demais ginastas como seu corpo é trabalhado, mas que deturpou tanto as suas formas com o excesso de exercícios, que termina por ser apenas um amontoado grotesco de músculos avantajados debaixo de uma pequena cabeça sem expressão.
O mundo está saturado de coisas inúteis. Quisera que mais escritores usassem seus dons para criar conteúdo, e não para povoar uma feira de horrores. E de modo algum estou dizendo que um conto de horror é inútil. Estou dizendo é que esses "artistas da forma", que escrevem textos ininteligíveis aos não-iniciados, terminam por criar aleijões tão inúteis e lastimáveis quanto aquelas antigas feiras onde se apresentavam mulheres barbadas, homens de duas cabeças e "a pessoa mais gorda do mundo".
Sim, a forma é necessária - mas que seja como a moldura de um quadro, e não tome tanto espaço que a pintura, ela mesma, desapareça.
Afinal, molduras podem ser compradas em qualquer loja. O que vale no quadro é a tela em si - o conteúdo do quadro. Da mesma forma, malabarismo intelectual pode ser captado em qualquer escola, e deveria ser aprendido nos primeiros cinco anos de colégio. O que vale em um texto, afinal, para que seja grandioso, é a imaginação do autor, mesclada ao seu cabedal de sensações e vivências. É disto que saem as obras-primas.
Poizé. E agora vou me preparar para as pedradas que virão.
Nota: A belíssima música de fundo é de autoria do brasileiro JORGE DE PAIVA BOMFIM, conhecido como Jorge Lennon, músico, escritor e magista
fig. fotomontagem encontrada na net, sem autoria. Favor deixar-me saber de quem é, caso vc saiba.
Nestes dias e tempos, a maioria dos escritores, seja em que língua for, está por demais preocupada em receber reconhecimento por parte dos demais escritores - ser reconhecido pela proeza mental, pela manipulação das palavras - , lamentavelmente esquecendo que a palavra é uma arma, um poderoso instrumento na sociedade, na política, na economia. E que qualquer coisa que se crie deveria atingir o nosso mundo em ebulição, e não apenas um grupo ínfimo de "iniciados" capaz de entender as elocubrações intelectuais de quem tem pretenção de se tornar um ás das letras.
Escritores assim são como meninos brincando com armas de brinquedo, mostrando um ao outro como a sua arma é bonita, mas jamais empunhando a arma verdadeira para algo que seja frutífero - mesmo que seja apenas para trazer beleza aos que sofrem.
A palavra, em suas mãos, é um instrumento inútil, como os músculos da pessoa que faz exercícios apenas para mostrar aos demais ginastas como seu corpo é trabalhado, mas que deturpou tanto as suas formas com o excesso de exercícios, que termina por ser apenas um amontoado grotesco de músculos avantajados debaixo de uma pequena cabeça sem expressão.
O mundo está saturado de coisas inúteis. Quisera que mais escritores usassem seus dons para criar conteúdo, e não para povoar uma feira de horrores. E de modo algum estou dizendo que um conto de horror é inútil. Estou dizendo é que esses "artistas da forma", que escrevem textos ininteligíveis aos não-iniciados, terminam por criar aleijões tão inúteis e lastimáveis quanto aquelas antigas feiras onde se apresentavam mulheres barbadas, homens de duas cabeças e "a pessoa mais gorda do mundo".
Sim, a forma é necessária - mas que seja como a moldura de um quadro, e não tome tanto espaço que a pintura, ela mesma, desapareça.
Afinal, molduras podem ser compradas em qualquer loja. O que vale no quadro é a tela em si - o conteúdo do quadro. Da mesma forma, malabarismo intelectual pode ser captado em qualquer escola, e deveria ser aprendido nos primeiros cinco anos de colégio. O que vale em um texto, afinal, para que seja grandioso, é a imaginação do autor, mesclada ao seu cabedal de sensações e vivências. É disto que saem as obras-primas.
Poizé. E agora vou me preparar para as pedradas que virão.
Nota: A belíssima música de fundo é de autoria do brasileiro JORGE DE PAIVA BOMFIM, conhecido como Jorge Lennon, músico, escritor e magista
fig. fotomontagem encontrada na net, sem autoria. Favor deixar-me saber de quem é, caso vc saiba.