Desde bem jovem, reconheci-me nas linhas de "Tabacaria", de Fernando Pessoa:
"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo" (...)
"Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
À medida em que o tempo passou, esse poema continuou a ser um espelho de mim, e reconheci nele a minha face:
"Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz."
Hoje, quando sonhos e pesadelos passaram todos sobre mim, descobri que estive errada por todos aqueles anos. Hoje vejo que sim, "Vivi, estudei, amei, e até cri", mas nada daquilo me definiu, nada me constringiu a um padrão. Hoje sei que fui tudo o que tinha que ser, aprendi tudo o que tinha a aprender - e a liberdade de ter sobrevivido a tudo é inebriante. Hoje eu sei o que sou, e o que fiz de mim valeu a pena.
Esta é a minha Essência, e a única coisa que me define.