O Fibhaiku - estilo poético pouco conhecido

 

Fibhaiku é um estilo de poema criado, segundo o que se diz por aí, por John Frederick Nims em 1974[i]. Não tenho nenhuma convicção de que tenha sido mesmo ele o criador deste estilo, pois não encontrei nenhuma referência que justificasse tal afirmativa. Apenas estou reproduzindo uma afirmação da fonte citada. Mas ela não oferece nenhuma fonte primária que comprove esta afirmação. Nem mesmo na biografia do pretenso criador do estilo na Wikipédia[ii], nem em uma enciclopédia consultada[iii] que fala extensamente sobre ele e sua obra, nem no site da “Poetry Foundation”, revista da qual ele foi editor por muitos anos. fazem qualquer menção a esta criação. Como não há outra divergente desta informação, fica ela como verdade.

 

No artigo mencionado de Mardilê acima (i), dá a entender que este seja um estilo minimalista, contando com seis versos, incluindo-se nesta contagem o título, que é considerado o primeiro verso do poema. Mas também não há qualquer comprovação deste fato pois, em outras fontes[iv] (Nilza Azzi, por exemplo), ela cita vários casos em que não há limite para o número de versos, o que inviabilizaria a afirmação de ser o Fibhaiku um estilo minimalista.

 

Bem, mas vamos ao que interessa. O que é um Fibhaiku? Segundo a fonte original, é um estilo minimalista oriundo do haicai, e consta de seis versos, cujo número de sílabas poéticas coincide com a sequência de Fibonacci, famoso matemático italiano do século XIII. Daí o nome do estilo - Fibhaiku = (Fibonacci + Haiku)

 

Melhor explicando: A sequência de Fibonacci, é uma sequência numérica em que se inicia com o zero e a unidade. Os números seguintes são sempre a soma dos dois anteriores. Desse modo, a sequência seria: 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233...

Os seis primeiros números da sequência são: 1, 1, 2, 3, 5, 8, excluindo-se o zero. Então, o título e o primeiro verso têm, ambos, apenas uma sílaba poética. O segundo verso tem duas sílabas poéticas, o terceiro, três sílabas poéticas, o quarto, cinco sílabas poéticas e o último, oito sílabas poéticas.

 

Eu prefiro dizer que o poema não tem título, e que os dois primeiros versos têm, ambos, uma sílaba poética. E o Fibhaiku teria seis versos sem título. Porque inclusive, em alguns exemplos que li, da própria Mardilê, o Fibhaiku não tinha título. Pelo menos, não vejo com muito bons olhos, um título igual a “Há” (Ronaldo Rhusso) ou “As” (Nilza Azzi). Considero mais lógico, inclusive mais coerente com a Sequência Fibonacci, dizer que ele não tem título.

 

Um exemplo de minha autoria de Fibhaiku.

 

 

Os

Vinhos

Merecem

Momentos

Muito preciosos

Com uma boa companhia.

(Alberto Valença Lima)

 

E há diversas variações do Fibhaiku, tais como o Fibhaiku estendido, no qual a sequência é ampliada para sete, oito, nove versos, e amplia-se até onde quiser.

Ou o Fibhaiku refletido, no qual, após o sexto verso, repete-se a sequência em ordem inversa, com os versos tendo sílabas poéticas em quantidades iguais à da sequência Fibonacci em ordem inversa: 8, 5, 3, 2, 1, 1.

Ou o Fibhaiku em pirâmide, no qual se repetem Fibhaikus em quantidades quaisquer, formando uma espécie de pirâmide, possibilitando assim, a continuação do tema até o infinito, com 3, 4, 5 ou 100 Fibhaikus em sequência, um abaixo do outro.

Ou ainda o Fibhaicai, no qual é feita uma associação entre o Fibhaiku + Haicai, sendo os dois com o mesmo tema. A ordem dos dois não importa. Pode ser primeiro o haicai e depois o Fibhaiku ou o contrário.

Há também o Fibhaiku invertido, no qual se começa o Fibhaiku com 8 sílabas poéticas e continua o poema com versos em quantidade de sílabas igual ao da sequência Fibonacci em ordem invertida, isto é: 8, 5, 3, 2, 1, 1. Mas não para aí. Continua o poema até as 8 sílabas poéticas novamente, ficando o Fibhaiku completo assim: 8, 5, 3, 2, 1, 1, 1, 1, 2, 3, 5, 8. 

Também existe o Fibgrama, em que o Fibhaiku é associado ao Tautograma. Então, todas as letras iniciais das palavras do Fibhaiku devem ser iguais.

 

Sobre Fibonacci[v] - ele foi um matemático italiano que nasceu em 1170 na cidade de Pisa, na Itália. Morreu em 1250, aos 80 anos. A sequência numérica acima mencionada não foi criada por ele, ao contrário do que muitos pensam. Ele apenas a introduziu na Europa, juntamente com a numeração arábica, em substituição à numeração romana utilizada na época por lá. Esta sequência só veio a ser denominada “Sequência Fibonacci" após a sua morte. Ela existe desde o século VI, sendo atribuída a matemáticos da India. Fibonacci a publicou no ano de 1202 no seu Liber Abaci, com o qual ficou famoso, principalmente por introduzir através dele os numerais arábicos na Europa, e pela resolução de muitos problemas matemáticos. Esta obra é considerada “a primeira obra importante de Matemática depois de Eratóstenes” segundo a Wikipédia.

 

A sequência Fibonacci ficou famosa na atualidade, principalmente por conta do livro e filme "O código Da Vinci", que nesta obra é mencionada.

 

Fontes consultadas:

 


[i] Composições Literárias: como criar poemas – disponível em https://comocriarpoemas.blogspot.com/2014/08/fibhaiku.html e consultado em 06/07/2022.

 

[ii] Wikipédia - Jonh Frederick Nims – disponível em https://en.wikipedia.org/wiki/John_Frederick_Nims  e consultado em 06/07/2022.

 

[iii] Encyclopedia.com – dispinível em https://www.encyclopedia.com/arts/educational-magazines/nims-john-frederick-1913-1999 e  consultada em 06/07/2022.

 

[iv] Nilza Azzi – dispinível em https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=20629 e consultado em 06/07/2022.

 

[v] Wikipédia - Leonardo Fibonacci – Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Leonardo_Fibonacci e consultado em 06/07/2022.

 

[vi] Fibhaiku: tu já leste algum? - Disponível em https://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/1406073 e consultado em 06/07/2022.

Alberto Valença Lima
Enviado por Alberto Valença Lima em 09/07/2022
Reeditado em 13/07/2022
Código do texto: T7556150
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