CIGARRA

Nasceste assim para espargir beleza

e doirar de alegria os arrebóis.

Canta no teu cantar a Natureza

a doçura sem fim dos pôr - de - sóis.

Exaltas em teus sons a singeleza,

num doce fundo a voz dos rouxinóis.

Ergues do nada um marco de grandeza,

cantam deuses nos hinos que constróis.

Quando, em paz, sobre a Terra a noite desce,

matizando de luzes encarnadas

os confins do horizonte, tua prece

tem o encanto das coisas encantadas,

pois teu canto, que acorda as alvoradas,

embala e nina o Sol quando anoitece ...

Élton Carvalho

Élton Carvalho (em memória)
Enviado por Élton Carvalho (em memória) em 30/04/2008
Código do texto: T969504