CIGARRA
Nasceste assim para espargir beleza
e doirar de alegria os arrebóis.
Canta no teu cantar a Natureza
a doçura sem fim dos pôr - de - sóis.
Exaltas em teus sons a singeleza,
num doce fundo a voz dos rouxinóis.
Ergues do nada um marco de grandeza,
cantam deuses nos hinos que constróis.
Quando, em paz, sobre a Terra a noite desce,
matizando de luzes encarnadas
os confins do horizonte, tua prece
tem o encanto das coisas encantadas,
pois teu canto, que acorda as alvoradas,
embala e nina o Sol quando anoitece ...
Élton Carvalho