OLHOS DE QUEM NASCE

 

Tenho os olhos ligando ilhas perdidas
a continentes nus, redescobertos,
pois um deles vê só o que não se enxerga
e o outro enxerga só o que não se vê.

 

O mundo sobrevive desse hiato,
do estrabismo impensável que provoca,
da impossibilidade do completo
nesse paralelismo sem medidas.

 

A cada dia vejo um horizonte
diferente, vertigem que me abraça
e conduz ao espelho do que sei.

 

O mundo é vasto enigma, construção
de uma incompreensível alquimia
- Para ele, tenho os olhos de quem nasce. 

 

Parte da coletânea
14 Versos

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