DILEMA
Saem sempre ao contrário, pelo avesso,
os remédios que busco para os ais,
pois, querendo lembrar, eu não me esqueço,
e, buscando esquecer, eu lembro mais ...
Quando, à noite, acordado, pago o preço
de sentir os minutos eternais,
a lembrança se aviva, e eu não esqueço,
e procuro esquecer, mas lembro mais ...
Afinal, é martírio, não bonança,
o querer reviver, numa lembrança,
primaveras em quadras outonais.
O dilema é cruel – bem reconheço –
pois, querendo lembrar, nunca me esqueço,
e é, buscando esquecer, que eu lembro mais !
Élton Carvalho