PERCEPÇÃO MUDA

Confisco à noite o bálsamo do pranto

Espumo o espanto, espécie de conclave

Do medo e a dor no canto de uma ave

Que sonda e sopra surdo, sacrossanto

O meu sonhar, sem sombra de acalanto...

Sozinho e só, somente eu e a clave

De sol que soa em si bemol suave

Movendo o rosto em lágrima e quebranto.

Se sorvo a nota, expiro dissabores,

E cuspo o sal insosso de si próprio;

Ao pé da pausa, anulo seus valores,

Até quedar-me inerte nesse ópio

Do sono astral que abranda os temores

E põe-se a olhar a sorte no horoscópio.

[s.d.]

F H Pupo
Enviado por F H Pupo em 29/03/2025
Código do texto: T8297261
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