A semente

A semente

O grão cru, desprezado ao canto do mourão,

Dentro de um cofo roto, esfarrapado e gasto,

Trazido ao lombo humano sobre o próprio rastro,

Descansa pendurado quase rente ao chão.

Um dia, o agricultor de posse do facão

E com a enxada vai limpar a mata e o pasto,

Derruba, broca, queima e descansa do agasto,

Porém sem desistir de sua nobre missão.

Com o suor pingando da testa, abre a terra,

Fere-a abrindo a cova, joga o grão e enterra,

No incansável vigor da rude e dura lida…

Vem a chuva e a semente morta, reaparece,

Entumece e germina e brota e vive e cresce,

Nesse extraordinário mistério da vida.

Aracaju-Sergipe, 11/ 3/ 2025.