Soneto do porvir
Acumulei memórias e estilhaços,
tormentos que moldaram eus avessos.
Meu velho diário, em tantos pedaços,
jaz nas poesias feitas de gesso.
Ainda que o amanhã, num esperar tardio,
dos meus poemas seja ilusão,
se o destino errante e arredio
trouxer ao menos alguma direção...
Se as memórias tornam-se um relógio,
defendo a pena, em riste, persistente,
pra transformar o erro em aprendiz.
Mas se o rancor me afogar em litócio,
serei poeta errante e penitente,
perdido entre quimeras por um triz