LIVRO DE CABECEIRA

Cansei do livro e o pus à cabeceira,

Mas dos poemas, destes não cansei,

E, quando os meus olhos desviei,

Vi poemas dos pés à cabeleira.

À beleza da obra me guiei ,

Mesmo em escrita pouco costumeira,

Estando em linhas curvas... E a obra inteira

Acho que em mil anos não lerei.

A fantasia posta aos lábios mornos

A alguma obra poética não se irmana,

Nem há quem ponha em letras seus contornos...

E ao virar cada página na agonia,

Vi nesta obra-prima em carne humana

A essência de toda poesia...