CRIME PERFEITO
Se o povo crê que achado não é roubado,
Eu vou achar um beijo em sua boca,
Já que contra a vontade grande e louca
Luto, mas sem poder, deixar de lado.
Nem sob vara levo ao delegado,
O beijo que achei, sob a voz rouca
Do sim e não, pois não durmo de touca
E vou me apropriar do bem achado.
O porte ilegal de sentimento
Não consta em nenhum regulamento,
Em catecismo ou livro de direito.
E o achado de quem quer dá não é roubo,
Nem furto, mas se for, em grande arroubo,
Vou celebrar o tal crime perfeito.