ROTINA
Desperto, abro meus olhos, e a cortina
não deixa mais o quarto escurecido,
aos pés da cama ainda o seu vestido
e algumas peças mais, de seda fina.
Seu corpo, mal coberto e distraído,
qual dunas de um deserto, me fascina.
São curvas que desenham na retina
detalhes de um vulcão adormecido.
Silente, encontro as chaves, me agasalho,
entrego-me à rotina do trabalho
torcendo que o relógio ande depressa.
Ao fim do dia esqueço o meu cansaço,
ela se envolve inteira em meu abraço
e em nosso quarto a vida recomeça.