INDIFERENÇA

Tão cheia de orgulho e preconceito,

De nariz fino, sempre empinado,

Ao vir-me ela olhava para o lado,

Com medo de abalar o seu conceito.

Vivia inquieto e insatisfeito

Por amar sem ao menos ser olhado,

Até que, certo dia, já cansado

Fingi ter interesse em outro enfeito.

E disse a mim, de agora em adiante,

Ao vê-la, mesmo em vulto e provocante,

Iria simular indiferença.

Estranho é que ao esconder minha afeição,

Passei a receber toda atenção,

E, até aonde fui, pôs mansa resistência.