Armengador de versos
Armengador de versos
Não sou poeta e caso fosse, seria um
Fracassado, do tipo que se vangloria,
Igual ao pescador que numa pescaria
Visga a mísera piaba e diz que foi atum.
Seria igual a muitos da vala comum,
Que descobrem no próprio “imbigo” arte e poesia,
Diante do espelho, não se cabem de alegria:
- Espelho, espelho meu, igual a mim, nenhum!
Pra fazer um verso, eu travo briga de foice,
Sou burro velho a dar na própria sombra coice,
“Aos trancos e barrancos” trilhando os reversos…
No entanto, eu gosto muito daquilo que faço,
Ainda que passando por certo embaraço,
Assino e assumo como Armengador de versos.
PS. Na linguagem popular sergipana, o
verbo “armengar”, é o mesmo que
fazer gambiarra, improvisar de
qualquer jeito, sem critérios
[ técnicos, empírico.
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Agradecendo a participação do nobilíssimo colega Jota Garcia.
UMA ÁGUIA DISFARÇADA DE PARDAL
Sei d’uma águia que vence altiplanos,
Depois se enfurna, fica dias quedo,
A consultar os seus velhos arcanos,
Com seus botões a forjar novo enredo.
Nessa pausa é que traça os seus planos
Decola e voa alto e sem medo.
Traz consigo a audácia dos ciganos
E o saber que carrega desde cedo.
E a cada volta deste ritual,
Surpreende com algo especial,
Fazendo valer a longa espera.
Em pele de ovelha encontro uma fera.
Vejo as asas da águia que era,
Não me parece com um tolo pardal.
GRANDE ABRAÇO, AMIGO ARMENGADOR, LEMBRANDO QUE NÃO FAZ JUS A ESSAS PALAVRAS.