VIOLÃO SOLITÁRIO

Vês as cordas? Eu já deixei de vê-las...

Nem pestana, nem trastes vejo mais...

As palhetas? Joguei-as sobre o cais

no meu último sussurro ante às estrelas...

O rastilho, o tampão e as ourelas

soam alto exigindo um acorde, mas

eu rompi as falanges, as distais,

de tal modo que nem posso movê-las...

Não te culpo por ter me mutilado...

Pela dor de ter sido abandonado

não poupei a mim mesmo e até meu pinho

cuja harmônica em meu peito se abrigava

e que em lá sustenido te exaltava, ,

o condeno a, como eu, ficar sozinho...