SEMEADOR DE SONHOS

Semeador de sonhos, o poeta,

As encostas do peito enche de amores

Que feito uvas secam aos rigores

Do tempo, quando a poda é incompleta.

Se espera do amor colher as flores,

E a intimidade nunca se completa,

Pelos sonhos perdidos se inquieta,

E insone versa às noites suas dores.

Na lida tal e qual um lavrador,

Da vinheira repleta de amor,

Não espera colher uma safrinha.

Mas sabe que o amor nas estações

Nem sempre vinga aos pés das emoções,

E cachos de uva, onde enrama a vinha.