RETIRANTE

Não veio a chuva, o gado berra e chora;

nenhum plantio brota e nada vinga;

formam-se nuvens negras, mas nem pinga

e a morte ronda os bichos... e apavora...

O sol parece língua que devora,

lambendo as folhas secas da restinga,

só resta o cacto esguio na caatinga

e, lá se vai o sertanejo embora...

Rasgam-lhe a carne as alças da quiçamba,

já não suporta o peso, a perna bamba,

e o velho, segue em busca de um remanso...

Finda-se um dia mais de seca e arfante,

mais uma vez, sem rumo e retirante

o corpo arqueado implora por descanso!