O serrote
O serrote
Nesse incessante vai e vem da existência,
No rot-rot, rot-rot, tantas vezes, inclemente,
Rilhando os dentes, serra o serrote valente,
Levando de roldão a própria resistência.
Cumprindo o seu ofício sem leniência,
Vai e vem, vai e vem ininterruptamente,
E a cada movimento, vai caindo à frente
Os fragmentos da árvore e sua essência.
Minha vida, também é tão majestosa árvore,
Muito mais elegante que o mais fino mármore
Dos ambões, palácios e catedrais.
Árvore que sofrendo muitos outros cortes,
Sente, diariamente, os dentes dos serrotes,
Deixando destruído os ninhos dos pardais.