Indene

Eu não passo indene pelo crivo crítico

dos letrados sábios – mas tão inscientes

quando ao verbo escarnam... São as doutas mentes,

alfarrábios vivos, entes analíticos!

Não! Não passo indene... São tão reticentes

porque desagravo aos seus poderes míticos

com meus balbucios quase neolíticos

de uma protolíngua não mais existente...

Assim posto, algures, volto à mendicância

da orfandade em letras, pobre de diplomas

e fadado às penas desta ignorância!

Eu não passo indene... Minha voz não soma

e volto, ingerente, para a militância...

E os doutores voltam às suas redomas....

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 05/12/2005
Código do texto: T81106