Não faço versos como quem anseia a fama
mas porque inflama este meu peito um sentimento
seja de dor, amor, pavor, ardor ou chama
que se esparrama como fosse aroma ao vento.
E do universo de sentidos faço um drama
e sou quem clama como quem buscara alento
no redentor, na flor, na cor do tingimento
se é fingimento o amor que sai do pensamento...
E se poeta eu for por bem do meu destino
é desatino só que vem de vez em quando
me transformando novamente num menino
pobre e franzino - pés no chão - sempre sonhando,
sempre esperando enquanto eu vou perdendo o tino...
Ave sem trino e presa ao chão! - não sai voando...
***
E por ser livre eu fujo à forma do soneto!
Mais um terceto e tenho asas - eis que faço
quebrar o laço do que foi prisão e casa!