A FRUSTRAÇÃO DO PINTOR

No passar de meus dedos, pelos teus cabelos,

Perde-los aí; como que emaranhados novelos,

Que te cobrissem o rosto e eu lhes desse vida,

Que é toda aquela que, incólume, te é devida;

E olhando os traços, de teu rosto, enfim, vê-los,

Como suaves rios, em grandes barcos trazê-los;

Sentir tua pele na minha e sabe-la já perdida,

Era tudo que eu mais queria, da flor aí nascida.

Ah, mas nem o pintor, mais destacado, ali daria,

Por terminada, sua obra! e se fulgor houvesse,

Por acabar ficaria sua arte, que nele não caberia,

Destreza tamanha, para te pintar completamente.

E mesmo que o artista tentasse e até soubesse,

Nem por tentativa, erro, eras tu verdadeiramente.

Jorge Humberto

30/12/07

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 09/01/2008
Código do texto: T809900