CAMUFLAGEM
Meus versos cheios de aparente afago,
são desabafos, meramente cores
de uma roupagem camuflando as dores;
taças de um fel de adocicado trago.
Se fui jardim amanhecendo em flores,
beijo a saudade e ao versejar apago
a imagem triste, o amargurado estrago
e assim recordo eu cultivando amores.
Se por descuido afugentei meus pares,
sou, hoje, um nômade invejando os lares,
quais outros mais que nidificam ruas...
E o meu poema extravagante e rude;
lágrimas turvas de um barrento açude,
vem refrescando a face, há tantas luas!