O ARAUTO

Instiga a minha insônia um bardo incauto,

antigo e estranho, a quem peguei apreço.

Alguém dentro de mim que desconheço

e faz-me o seu escravo... o seu arauto.

Rouba-me o sono e, assim, de sobressalto,

faz citações que as ouço e me ofereço

a transcrever as laudas... e adormeço,

relendo-as como quem toma de assalto.

Ah!... incauto bardo, já que me torturas,

permite que eu te assine as escrituras,

visto que o anonimato não te afeta…

Enquanto eu vou, por meus saraus afora,

se alguém me perguntar como isso aflora,

eu vou tentar fingir que sou poeta!