PERDI A HORA!...
Uma vez mais… Parece brincadeira…
Mas esse meu costume é tão antigo!
Perco a noção do tempo e do perigo;
virou rotina, desde a vez primeira.
Olho o relógio em nossa cabeceira…
Mais uma vez me atraso, e aqui comigo,
não quero corrigir-me e, nem consigo,
a gente se ama assim, a vida inteira:
Perdi a hora olhando a dama linda,
que amei há pouco, mas descansa, ainda
sobre os lençóis, qual anjo distraído
à meia luz, deixando ver os seios,
os róseos lábios dos meus beijos cheios,
e ébrio de gozo o corpo enlanguescido.