Soneto 23 (Óleo sobre tela)
Não posso usar em vão os meus versos
Como, em vão, se vão as palavras
Porque são para ti apenas vãs letras
Pintadas em óleo, apenas acasos.
Flores, faces, tristes, alegres,
Minha vida na tela, retrato inacabado
Um pincel quebrado, sujo, borrado,
Tintas misturadas, contornos irregulares...
Dias se vão como quadros pintados.
Sonetos escritos, noir, eternizados,
A vida contando perdidas as partes.
Do todo partido, partidos usados,
Versos esparsos que um dia descartes
Da vida pedaços, mal pintados, mal colados...