Sol sem Firmamento
Minh’alma, borboleta que espaneja
o pó dos sonhos ao bater das asas…
Esqueça os homens; seres de almas rasas!
Tem maior honra, o verme que rasteja.
Quero é voar! Voar além das casas!...
Rendi o meu seio a tanta mão sobeja,
Que neste instante, o fumo que me beija
Mais fogo traz em suas mortas brasas
Do que o beijo desse atroz palhaço!
E eu que d’asa ferida, em meu cansaço,
Finjo voar, tão-só em pensamento.
Eu não sei como sei, mas tu existes!
Não só para iludir meus olhos tristes,
Felicidade!… Sol sem Firmamento!…
(Laura Alves Coimbra)