FLORES MUDAS

Não fossem os efeitos apanhados

algemados tais povos conscientes

alarmados os sussurros dormentes

inconsequentes senhores armados.

Mormentes corações desconfiados

lesados pela apatia dos agentes

dementes são as vozes recorrentes

plangentes são os violões calados.

Alados são os pássaros pousados

azados nos telhados aparentes

depoentes dos murmúrios eminentes.

Indulgentes voam inconformados

tocados pelo olor das flores mudas

miúdas às ilusões cegas e surdas.

Interação em excelente soneto cantado nos versos do poeta Jacó Filho

FLORES DE PLÁSTICO

Os pardais fazendo ninho sobre a tumba,

Ouvem canários cantando numa figueira,

Vendo os coveiros abrirem novas fileiras,

E gente temer que a morte lhes sucumba...

Os gatos brincam de perseguir lagartixa,

Pulando sobre lápides, cheias de letreiro...

Enquanto o sabiá transforma em poleiro,

Flores de plástico, numa cruz, bem fixas...

As formiga jamais contam os esqueletos,

Escavando terras como se fossem donas.

Na entrada, um mascate estende a lona...

Na calçada em frente, oferecem espetos,

Junto de flores, que no local, valem ouro,

Pra quem perdeu, talvez o maior tesouro...

autor: Jacó Filho

Creusa Lima
Enviado por Creusa Lima em 26/01/2024
Reeditado em 14/05/2024
Código do texto: T7984864
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.