FLORES MUDAS
Não fossem os efeitos apanhados
algemados tais povos conscientes
alarmados os sussurros dormentes
inconsequentes senhores armados.
Mormentes corações desconfiados
lesados pela apatia dos agentes
dementes são as vozes recorrentes
plangentes são os violões calados.
Alados são os pássaros pousados
azados nos telhados aparentes
depoentes dos murmúrios eminentes.
Indulgentes voam inconformados
tocados pelo olor das flores mudas
miúdas às ilusões cegas e surdas.
Interação em excelente soneto cantado nos versos do poeta Jacó Filho
FLORES DE PLÁSTICO
Os pardais fazendo ninho sobre a tumba,
Ouvem canários cantando numa figueira,
Vendo os coveiros abrirem novas fileiras,
E gente temer que a morte lhes sucumba...
Os gatos brincam de perseguir lagartixa,
Pulando sobre lápides, cheias de letreiro...
Enquanto o sabiá transforma em poleiro,
Flores de plástico, numa cruz, bem fixas...
As formiga jamais contam os esqueletos,
Escavando terras como se fossem donas.
Na entrada, um mascate estende a lona...
Na calçada em frente, oferecem espetos,
Junto de flores, que no local, valem ouro,
Pra quem perdeu, talvez o maior tesouro...
autor: Jacó Filho